| *** AVENIDA DE MAYO *** *** PLAZA DEL CONGRESO *** 4. Dia - Tarde |
Domingo, __ de Junho de 2019
Do outro lado da Plaza de Mayo, a Avenida de Mayo liga a Casa Rosada, sede do governo, a outro importante marco histórico, a Plaza del Congreso Nacional. Têm cerca de dez quadras, mas encerra uma importância histórica indiscutível para a capital portenha e é um roteiro que não pode faltar na sua visita.
Quando foi inaugurada, em 1894, era um símbolo de modernidade e foi a primeira grande avenida da Argentina e da América do Sul. Apesar de inspirada nos boulevares parisienses, rapidamente a Avenida de Mayo foi adquirindo um caráter mais hispânico, por conta da influência dos inúmeros imigrantes espanhóis, que inauguraram bares, cafés, teatros e outros estabelecimentos no estilo madrilenho, influenciando assim sua arquitetura, razão pelo qual é geralmente comparada com a Gran Vía de Madrid.
Seu planejamento inicial foi altamente debatido e sofreu muita resistência, pois exigia a desapropriação e demolição de edifícios pertencentes à alta sociedade, além de ser considerado extremamente caro. Tornou-se o cenário ideal para a vida pública no início do século XX, e as frentes de seus sofisticados edifícios art nouveau, neoclássicos e ecléticos forneceram a magnífica estrutura de recepção para ilustres visitantes estrangeiros. Talvez seja o melhor exemplo urbano da prosperidade argentina da época e sua importância é tal que tornou-se um símbolo das relações argentino-espanhol e cenário de todas as manifestações sociais de Buenos Aires.
Com o passar dos anos, a Avenida de Mayo foi perdendo um pouco da arquitetura característica por conta da variedade de edificações, mas com o tempo os governos da Argentina e da Espanha puseram em prática um programa de revitalização que conseguiu recuperar boa parte do aspecto original.
Além disso, em 1997, a Avenida de Mayo foi declarada Lugar Histórico Nacional, o que significa na prática que está protegida de alterações nas fachadas de seus edifícios, assim como do uso de determinadas publicidades e marquises. Hoje, muitos dos edifícios conservam seu estilo original, com mostras da influência francesa, italiana e espanhola na arquitetura da capital portenha no início do século XX.
Nos dias de hoje, vale lembrar que por debaixo da Avenida de Mayo circula a linha A do metrô de Buenos Aires, a mais antiga da cidade e a primeira da América do Sul. Até o início de 2013, era possível viajar em um dos trens originais da 1913, quando foi inaugurado o metrô na cidade. Com bancos de madeira e uma iluminação aconchegante, os vagões de origem belga eram puro charme, mas foram substituídos por formações de origem chinesa, mais modernas e com ar condicionado.
Com o passar dos anos, a Avenida de Mayo foi perdendo um pouco da arquitetura característica por conta da variedade de edificações, mas com o tempo os governos da Argentina e da Espanha puseram em prática um programa de revitalização que conseguiu recuperar boa parte do aspecto original.
Além disso, em 1997, a Avenida de Mayo foi declarada Lugar Histórico Nacional, o que significa na prática que está protegida de alterações nas fachadas de seus edifícios, assim como do uso de determinadas publicidades e marquises. Hoje, muitos dos edifícios conservam seu estilo original, com mostras da influência francesa, italiana e espanhola na arquitetura da capital portenha no início do século XX.
Nos dias de hoje, vale lembrar que por debaixo da Avenida de Mayo circula a linha A do metrô de Buenos Aires, a mais antiga da cidade e a primeira da América do Sul. Até o início de 2013, era possível viajar em um dos trens originais da 1913, quando foi inaugurado o metrô na cidade. Com bancos de madeira e uma iluminação aconchegante, os vagões de origem belga eram puro charme, mas foram substituídos por formações de origem chinesa, mais modernas e com ar condicionado.
Vários edifícios chamam a atenção ao longo da Avenida de Mayo por sua beleza arquitetônica e por sua importância histórica. Vamos conhecer alguns ao longo do passeio pela Avenida de Mayo, que pode ser à pé ou de ônibus, pegando as linhas 7, 8 ou 105. Abaixo um mapa com todas as atrações que estão mencionadas abaixo.
Dois pontos turísticos de extrema importância na Avenida de Mayo nós já vimos no terceiro dia, quando do passeio pela Plaza de Mayo e seus monumentos. São eles, o Cabildo e o antigo Palácio Municipal. Para conhecer as suas histórias completas é só visitar a página Plaza de Mayo e Monumentos.
Mas vamos começar a visita à Avenida de Mayo a partir do seu começo, na Plaza de Mayo, conhecendo um dos mais famosos edifícios de Buenos Aires, que fica ao lado do antigo Palácio Municipal. A Casa da Cultura ou Edifício La Prensa foi construído para a operação do jornal La Prensa, de propriedade de José Camilo Paz para ser a nova sede de seu jornal La Prensa, que até então estava localizado em outro endereço.
Inaugurado em 1898, é um exemplo da arquitetura de Buenos Aires do final do século XIX. Seu design é baseado nos cânones estilísticos da Escola de Belas Artes de Paris. As fachadas, tanto na Avenida de Mayo quanto na Calle Rivadavia, são as únicas no país que correspondem ao chamado estilo Garnier.
Os projetos foram encomendados em Paris pelo proprietário e foram concluídos na Argentina pelos engenheiros Carlos Agote e Alberto Gainza, graduados na Escola de Artes e Manufatura de Paris. O projeto, cálculo e produção do sistema estrutural ficaram a cargo de uma empresa francesa especialista em construções metálicas.
Entre os elementos que compõem a frente do edifício, destacam-se: a varanda unificada sobre a qual repousam lanternas elétricas, o relógio com uma águia que representava o jornalismo que "vê tudo" e, principalmente, o monumental farol com uma escultura de Pallas Athena, deusa da sabedoria. Esse farol, ou torre, tem 5,50 metros de altura e 4.100 quilos de bronze dourado e a estátua foi um trabalho realizado pelo escultor francês Maurice Bouval, que representou Athena de Bouval segurando uma lâmpada elétrica que representa o fogo sagrado de Prometeu. A obra foi transportada da França e subiu 50 m para a posição atual em 1898, por meio de um elevador colocado na mesma torre. Dizem que cerca de 20.000 pessoas assistiram ao evento.
A torre também contém uma sirene, instalada em 1900, para anunciar simbolicamente as notícias de La Prensa que eram consideradas marcos singulares. A sirene tocou cinco vezes ao longo das décadas: nas notícias do assassinato de Umberto I, o rei da Itália, em 1900; no pouso da espaçonave Apollo 11 na lua; quando a Argentina foi campeã pela primeira vez na Copa do Mundo em 1978; na invasão das Ilhas Malvinas em 1982; e no retorno da democracia com a posse do presidente Raúl Alfonsín, em 1983.
O interior do majestoso edifício é inspirado no mesmo estilo, marcado por diversos elementos decorativos, principalmente importados, incluindo elevadores Spargne dos Estados Unidos, além de acessórios franceses, como os pisos de mosaicos Boulanger, relógios de Paul Garnier e trabalhos de ferro forjado de Val d'Osne.
O primeiro andar está centrado no Salão Dourado, onde Paz abriu o Instituto Popular de Conferências, celebrado durante o século XX por suas leituras e palestras literárias semanais, principalmente as do célebre escritor Jorge Luis Borges. O salão foi decorado com afrescos de Reynaldo Giudici e Nazareno Orlandi, ambos pintores italianos. Entre as pinturas que mais se destacam, Athena aparece novamente nos afrescos do teto, acompanhadas por sete musas. A sala exibe três gobelins que relatam a vida de Ester. E, em uma das paredes, há um baixo-relevo de anjos apocalípticos anunciando uma revelação.
Camilo Paz também abriu uma extensa biblioteca no edifício, que cresceu para mais de 80.000 volumes e ao mesmo tempo manteve várias filiais locais, bem como uma em Paris.
O edifício também possuía serviços gratuitos, como consultórios médicos e jurídicos, escola de música, um observatório meteorológico e um departamento para convidados ilustres, onde o músico Giácomo Puccini ficou, entre outros, em 1905, quando visitou Buenos Aires por ocasião da estréia de sua ópera “La Bohéme”.
Um detalhe do interior do edifício são os canos que conectam os escritórios. Esses canos foram usados para enviar correspondência para a central de correio localizada no primeiro andar.
Hoje o edifício La Prensa abriga o Ministério da Cultura e também possui setores públicos nos quais ocorrem eventos culturais, como exposições, conferências, congressos, shows, shows infantis e de dança, aulas de tango e visitas guiadas. É também a sede da Direção Geral do Patrimônio que publica diferentes tipos de materiais gráficos sobre a cidade como guias com informações claras e completas até mapas de todos os tipos e livros especializados sobre os bairros, os cafés históricos de Buenos Aires e vários trabalhos de pesquisa sobre lendas, arquitetura e costumes.
A Passagem Ana Díaz, que fica no primeiro andar, conecta a Casa da Cultura ao Palácio Municipal. Este espaço é utilizado como sala de exposições temporárias de artes, como pintura e fotografia. O porão do prédio, onde costumavam ser as oficinas de impressão do jornal, também foi convertido em salas de exposições.
Foi declarado Monumento Histórico Nacional em 1995 por seu valor histórico e arquitetônico.
As visitas guiadas são aos sábados, às 16h e às 17h e aos domingos, das 11h às 16h, sendo realizadas em espanhol e inglês e são gratuitas.
Do outro lado da avenida, você vai encontrar o Pasaje Roverano, um dos edifícios mais curiosos da rica história de Buenos Aires.
É uma passagem que liga a Avenida de Mayo à Calle Hipólito Irigoyen e que curiosamente foi construída em 1878 pelos irmãos Angel e Pascual Roverano, os mesmos que em 1918 construíram o edifício de mesmo nome e com sete andares no mesmo local.
Em 1878 o prédio tinha apenas dois andares. O primeiro andar era destinado à casas de famílias e o térreo, que era uma galeria de 50 metros sem saída, dividida em pequenas instalações, era destinadoa à escritórios de advocacia. A localização era perfeita, uma vez que os tribunais operavam ao lado, precisamente no Cabildo, que, aliás, não apresentava o mesmo aspecto de hoje.
Quando as obras na Avenida de Mayo começaram em 1888, sob a direção de Don Torcuato de Alvear, parte do edifício foi demolido e permaneceu assim até 1912, quando Francisco Roverano encomendou a construção de um edifício maior e que seria inaugurado em 1918.
A frente não está mais em Rivadavia, mas na Avenida de Mayo, mas sua parede divisória oriental continua ao lado do pátio do Cabildo, e a galeria, anteriormente sem saída, agora desemboca na Calle Hipólito Yrigoyen.
O prédio de escritórios, acessado por dois elevadores localizados na galeria, é clássico, sóbrio, com uma excelente iluminação nas duas frentes e qualidade imbatível. É interessante ver na parte mais tranquila do prédio, que fica de frente para a Calle Hipólito Yrigoyen, as vigas e colunas de ferro expostas, como eram usadas em muitos edifícios da época, antes do concreto armado.
O andar térreo da Pasaje Roverano é a primeira galeria comercial da região, ligando as duas ruas e uma visita à esta histórica galeria é como uma jornada ao passado. Tem a aparência encantadora dos edifícios da belle époque, com oito colunas de ônix elegantemente projetadas, uma profusão de mármore e bronze nas escadas e nos doze quartos localizados nas laterais e os quatro localizados no centro da galeria. Há a antiga barbearia, com poltronas e espelhos, e o restaurante tranquilo, com mesas espaçosas com grandes toalhas de mesa.
Uma curiosidade: a partir da galeria, você pode entrar diretamente no metrô e este é o único edifício privado em Buenos Aires que tem esse privilégio. Para os profissionais que trabalham nos escritórios do Roverano é uma facilidade descer de elevador diretamente de seu escritório para a estação do metro.
Ao final do primeiro quarteirão fica o edifício que abrigou durante muitos anos a Loja Gath y Chaves, uma das principais do grupo de Lojas de Departamento fundada em 1883 por Lorenzo Chaves e Alfredo Gath e que foi uma das favoritas da classe alta de Buenos Aires.
Em 1883, eles fundaram a Gath e Chaves, sua própria loja dedicada à venda de roupas masculinas feitas com tecidos ingleses. Dois anos depois, a loja já havia crescido e incorporando um setor de moda feminina. Nos primeiros tempos, a Gath y Chaves tinha sede e filiais em outros endereços, como na Calle San Martin e na Calle Florida. Em 1912, os sócios acabaram decidindo por um novo prédio para abrigar toda a loja em franco crescimento e que ficava na esquina sudoeste das Calles Cangallo (hoje Avenida Tenente General Perón) e da Flórida. Esse sem dúvida é o prédio mais famoso e bonito de toda a rede Gath e Chaves, por isso a menção a ele, mas vou falar mais sobre ele na página sobre a Calle Florida.
Mas é o prédio que fica na esquina da Avenida de Mayo com a Calle Peru que merece destaque durante o nosso passeio pela Avenida de Mayo. Era nesse edifício que funcionava o anexo de roupas femininas de Gath e Chaves. Foi projetado pelo arquiteto Edwin Merry no início da década de 1890, em estilo Art Nouveau mas passou por uma reforma total sobre a responsabilidade de Salvatore Mirate que só foi concluída em 1910.
Além disso, a Gath y Chaves tinha filiais em importantes cidades argentinas como Rosário, Santa Fé, Bahia Blanca, Córdoba, Paraná, La Plata, Mar del Plata, Mendoza entre outras. Em 1945, a empresa já possuía 19 filiais em todo o país. Mas em 1974, infelizmente as lojas Gath y Chaves fecharam em todos os endereços.
Hoje, o térreo do edifício é ocupado pelo famoso café "London City", inaugurado em 1954 e que passou por várias alterações e reformas dos proprietários que optaram por respeitar e restaurar os valiosos elementos originais, como o piso de mosaico preto e branco ou a boiserie, que eram os belíssimos painéis de madeira de origem francesa. Principalmente preservando sua fachada modulada em ferro e vidro e com a coroa acadêmica original. Bronzes, espelhos, mesas de mármore completam um ambiente acolhedor, elegante e hospitaleiro.
Logo foi considerado um refúgio para poetas e artistas, políticos que passavam do Palácio Municipal ao prédio do Conselho Deliberativo, jornalistas que frequentavam o vizinho edifício do jornal La Prensa, turistas que descansavam das longas caminhadas e os portenhos que trabalhavam ao longo da bela Avenida de Mayo. Segundo se conta, em suas mesas, o escritor Julio Cortázar escreveu boa parte de Los Premios, o primeiro romance publicado por ele, ambientado no próprio London City. Sua presença está perpetuada nas paredes do bar, com quadros que contêm citações de suas obras. O escritor tem também uma mesa em sua homenagem, onde descansam um cinzeiro com um cigarro e um bloco aberto numa folha em branco com uma caneta.
Cabildo e Palácio Municipal
Mas vamos começar a visita à Avenida de Mayo a partir do seu começo, na Plaza de Mayo, conhecendo um dos mais famosos edifícios de Buenos Aires, que fica ao lado do antigo Palácio Municipal. A Casa da Cultura ou Edifício La Prensa foi construído para a operação do jornal La Prensa, de propriedade de José Camilo Paz para ser a nova sede de seu jornal La Prensa, que até então estava localizado em outro endereço.
Inaugurado em 1898, é um exemplo da arquitetura de Buenos Aires do final do século XIX. Seu design é baseado nos cânones estilísticos da Escola de Belas Artes de Paris. As fachadas, tanto na Avenida de Mayo quanto na Calle Rivadavia, são as únicas no país que correspondem ao chamado estilo Garnier.
Os projetos foram encomendados em Paris pelo proprietário e foram concluídos na Argentina pelos engenheiros Carlos Agote e Alberto Gainza, graduados na Escola de Artes e Manufatura de Paris. O projeto, cálculo e produção do sistema estrutural ficaram a cargo de uma empresa francesa especialista em construções metálicas.
Casa da Cultura
Entre os elementos que compõem a frente do edifício, destacam-se: a varanda unificada sobre a qual repousam lanternas elétricas, o relógio com uma águia que representava o jornalismo que "vê tudo" e, principalmente, o monumental farol com uma escultura de Pallas Athena, deusa da sabedoria. Esse farol, ou torre, tem 5,50 metros de altura e 4.100 quilos de bronze dourado e a estátua foi um trabalho realizado pelo escultor francês Maurice Bouval, que representou Athena de Bouval segurando uma lâmpada elétrica que representa o fogo sagrado de Prometeu. A obra foi transportada da França e subiu 50 m para a posição atual em 1898, por meio de um elevador colocado na mesma torre. Dizem que cerca de 20.000 pessoas assistiram ao evento.
A torre também contém uma sirene, instalada em 1900, para anunciar simbolicamente as notícias de La Prensa que eram consideradas marcos singulares. A sirene tocou cinco vezes ao longo das décadas: nas notícias do assassinato de Umberto I, o rei da Itália, em 1900; no pouso da espaçonave Apollo 11 na lua; quando a Argentina foi campeã pela primeira vez na Copa do Mundo em 1978; na invasão das Ilhas Malvinas em 1982; e no retorno da democracia com a posse do presidente Raúl Alfonsín, em 1983.
O primeiro andar está centrado no Salão Dourado, onde Paz abriu o Instituto Popular de Conferências, celebrado durante o século XX por suas leituras e palestras literárias semanais, principalmente as do célebre escritor Jorge Luis Borges. O salão foi decorado com afrescos de Reynaldo Giudici e Nazareno Orlandi, ambos pintores italianos. Entre as pinturas que mais se destacam, Athena aparece novamente nos afrescos do teto, acompanhadas por sete musas. A sala exibe três gobelins que relatam a vida de Ester. E, em uma das paredes, há um baixo-relevo de anjos apocalípticos anunciando uma revelação.
Camilo Paz também abriu uma extensa biblioteca no edifício, que cresceu para mais de 80.000 volumes e ao mesmo tempo manteve várias filiais locais, bem como uma em Paris.
Hoje o edifício La Prensa abriga o Ministério da Cultura e também possui setores públicos nos quais ocorrem eventos culturais, como exposições, conferências, congressos, shows, shows infantis e de dança, aulas de tango e visitas guiadas. É também a sede da Direção Geral do Patrimônio que publica diferentes tipos de materiais gráficos sobre a cidade como guias com informações claras e completas até mapas de todos os tipos e livros especializados sobre os bairros, os cafés históricos de Buenos Aires e vários trabalhos de pesquisa sobre lendas, arquitetura e costumes.
A Passagem Ana Díaz, que fica no primeiro andar, conecta a Casa da Cultura ao Palácio Municipal. Este espaço é utilizado como sala de exposições temporárias de artes, como pintura e fotografia. O porão do prédio, onde costumavam ser as oficinas de impressão do jornal, também foi convertido em salas de exposições.
Foi declarado Monumento Histórico Nacional em 1995 por seu valor histórico e arquitetônico.
As visitas guiadas são aos sábados, às 16h e às 17h e aos domingos, das 11h às 16h, sendo realizadas em espanhol e inglês e são gratuitas.
Do outro lado da avenida, você vai encontrar o Pasaje Roverano, um dos edifícios mais curiosos da rica história de Buenos Aires.
É uma passagem que liga a Avenida de Mayo à Calle Hipólito Irigoyen e que curiosamente foi construída em 1878 pelos irmãos Angel e Pascual Roverano, os mesmos que em 1918 construíram o edifício de mesmo nome e com sete andares no mesmo local.
Em 1878 o prédio tinha apenas dois andares. O primeiro andar era destinado à casas de famílias e o térreo, que era uma galeria de 50 metros sem saída, dividida em pequenas instalações, era destinadoa à escritórios de advocacia. A localização era perfeita, uma vez que os tribunais operavam ao lado, precisamente no Cabildo, que, aliás, não apresentava o mesmo aspecto de hoje.
Quando as obras na Avenida de Mayo começaram em 1888, sob a direção de Don Torcuato de Alvear, parte do edifício foi demolido e permaneceu assim até 1912, quando Francisco Roverano encomendou a construção de um edifício maior e que seria inaugurado em 1918.
Edificio e Pasaje Roverano
A frente não está mais em Rivadavia, mas na Avenida de Mayo, mas sua parede divisória oriental continua ao lado do pátio do Cabildo, e a galeria, anteriormente sem saída, agora desemboca na Calle Hipólito Yrigoyen.
O prédio de escritórios, acessado por dois elevadores localizados na galeria, é clássico, sóbrio, com uma excelente iluminação nas duas frentes e qualidade imbatível. É interessante ver na parte mais tranquila do prédio, que fica de frente para a Calle Hipólito Yrigoyen, as vigas e colunas de ferro expostas, como eram usadas em muitos edifícios da época, antes do concreto armado.
Planta da estrutura da Pasaje Roverano
O andar térreo da Pasaje Roverano é a primeira galeria comercial da região, ligando as duas ruas e uma visita à esta histórica galeria é como uma jornada ao passado. Tem a aparência encantadora dos edifícios da belle époque, com oito colunas de ônix elegantemente projetadas, uma profusão de mármore e bronze nas escadas e nos doze quartos localizados nas laterais e os quatro localizados no centro da galeria. Há a antiga barbearia, com poltronas e espelhos, e o restaurante tranquilo, com mesas espaçosas com grandes toalhas de mesa.
Uma curiosidade: a partir da galeria, você pode entrar diretamente no metrô e este é o único edifício privado em Buenos Aires que tem esse privilégio. Para os profissionais que trabalham nos escritórios do Roverano é uma facilidade descer de elevador diretamente de seu escritório para a estação do metro.
Fachada
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Peluqueria é como se designa
o cabelereiro ou o barbeiro |
Ao final do primeiro quarteirão fica o edifício que abrigou durante muitos anos a Loja Gath y Chaves, uma das principais do grupo de Lojas de Departamento fundada em 1883 por Lorenzo Chaves e Alfredo Gath e que foi uma das favoritas da classe alta de Buenos Aires.
Em 1883, eles fundaram a Gath e Chaves, sua própria loja dedicada à venda de roupas masculinas feitas com tecidos ingleses. Dois anos depois, a loja já havia crescido e incorporando um setor de moda feminina. Nos primeiros tempos, a Gath y Chaves tinha sede e filiais em outros endereços, como na Calle San Martin e na Calle Florida. Em 1912, os sócios acabaram decidindo por um novo prédio para abrigar toda a loja em franco crescimento e que ficava na esquina sudoeste das Calles Cangallo (hoje Avenida Tenente General Perón) e da Flórida. Esse sem dúvida é o prédio mais famoso e bonito de toda a rede Gath e Chaves, por isso a menção a ele, mas vou falar mais sobre ele na página sobre a Calle Florida.
Mas é o prédio que fica na esquina da Avenida de Mayo com a Calle Peru que merece destaque durante o nosso passeio pela Avenida de Mayo. Era nesse edifício que funcionava o anexo de roupas femininas de Gath e Chaves. Foi projetado pelo arquiteto Edwin Merry no início da década de 1890, em estilo Art Nouveau mas passou por uma reforma total sobre a responsabilidade de Salvatore Mirate que só foi concluída em 1910.
Edifício da antiga loja Gath y Chaves, hoje abriga o London Café
Além disso, a Gath y Chaves tinha filiais em importantes cidades argentinas como Rosário, Santa Fé, Bahia Blanca, Córdoba, Paraná, La Plata, Mar del Plata, Mendoza entre outras. Em 1945, a empresa já possuía 19 filiais em todo o país. Mas em 1974, infelizmente as lojas Gath y Chaves fecharam em todos os endereços.
Hoje, o térreo do edifício é ocupado pelo famoso café "London City", inaugurado em 1954 e que passou por várias alterações e reformas dos proprietários que optaram por respeitar e restaurar os valiosos elementos originais, como o piso de mosaico preto e branco ou a boiserie, que eram os belíssimos painéis de madeira de origem francesa. Principalmente preservando sua fachada modulada em ferro e vidro e com a coroa acadêmica original. Bronzes, espelhos, mesas de mármore completam um ambiente acolhedor, elegante e hospitaleiro.
Logo foi considerado um refúgio para poetas e artistas, políticos que passavam do Palácio Municipal ao prédio do Conselho Deliberativo, jornalistas que frequentavam o vizinho edifício do jornal La Prensa, turistas que descansavam das longas caminhadas e os portenhos que trabalhavam ao longo da bela Avenida de Mayo. Segundo se conta, em suas mesas, o escritor Julio Cortázar escreveu boa parte de Los Premios, o primeiro romance publicado por ele, ambientado no próprio London City. Sua presença está perpetuada nas paredes do bar, com quadros que contêm citações de suas obras. O escritor tem também uma mesa em sua homenagem, onde descansam um cinzeiro com um cigarro e um bloco aberto numa folha em branco com uma caneta.
O "London City" foi declarado café notável pela Comissão de Proteção e Promoção dos notáveis cafés, bares, bilhares e confeitarias da cidade de Buenos Aires.
Seguindo pela Avenida de Mayo, no segundo quarteirão entre as Calles Peru e Chacabuco, percebe-se um aumento no fluxo de turistas e empresas dedicadas a eles nessa área. Talvez este seja o bloco mais danificado em termos de patrimônio arquitetônico. De um lado ficava o distinto Restaurante Pedemonte, um dos mais tradicionais da cidade, inaugurado em 1890, e que era uma referência gastronômica e cultural da Buenos Aires da época.
Do outro lado fica El Pasaje de la Resistencia, um lugar singular em uma antiga agência dos correios, ideal para comprar artesanato, alguns feitos no local.
Nesse trecho da avenida, você pode ver vários edifícios com fachadas em estilos franceses e italianos, com figuras alegóricas, ferragens finas nas grades da varanda e janelas com desenhos artísticos de guardas de ferro, grandes aberturas emolduradas por obras de escultura e diferentes tipos de relevos.
No quarteirão seguinte, entre as Calles Chacabuco e Piedras, os detalhes arquitetônicos se repetem, mas alguns dos edifícios são famosos e marcaram a história da Avenida de Mayo.
Na calçada à esquerda fica Edifício Cubo Drabble, projetado em 1892 pelo arquiteto alemão Adolfo Büttner para Carlos Drabble e construído em 1895. Sua frente de meio quarteirão mostra em sua concepção um estilo acadêmico europeu. Entre 1897 e 1910 era a localização do "Hotel Chacabuco Mansions".
Na calçada direita fica o Edifício e Pasaje Urquiza Anchorena, encomendado pelo Dr. Diógenes de Urquiza Anchorena como edifício de escritórios e o projeto e execução foi do engenheiro Esteban Sanguinetti. Foi inaugurado em 1921.
Apresenta uma fachada acadêmica na qual seu portal se destaca com uma grande grade de ferro que dá acesso a um corredor decorado com relevos que atingem o teto, portas de vidro e madeira esculpida, assim como uma imperdível caixa de correio antiga para correspondência. A cúpula deste edifício é uma das 24 da Avenida de Mayo participam do projeto de iluminação da avenida do governo de Buenos Aires.
Uma passagem interna semi-pública neste edifício liga a Avenida de Mayo a Calle Rivadavia. Durante anos, abrigou a companhia de seguros "La Mundial", fato pelo qual também era conhecida na época como "Pasaje La Mundial". Essa construção é ofuscada pelo tamanho excessivo do moderno prédio de escritórios construído no lado leste.
Edifício Cubo Drabble
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Um pouco mais a frente fica o Palácio Vera, provavelmente o único edifício em estilo austríaco de jugendstil da Avenida de Mayo. Foi ordenado que fosse construído por seu proprietário, o rico fazendeiro Eustoquio Díaz Vélez, filho do general argentino de independência Eustoquio Díaz Vélez.
A obra foi projetada e executada pelo arquiteto engenheiro Arturo Prins e pelo arquiteto Oscar Ranzenhofer. Foi inaugurada em 1910 pela Infanta Isabel de Borbón, representando a Espanha, coincidindo com a comemoração do Centenário Argentino da Revolução de Maio. A família Díaz Vélez o utilizou por várias décadas como prédio de escritórios para locação.
O edifício é uma construção com cinco andares e com fachadas com vista para duas ruas: a frente principal fica na Avenida de Mayo e a parte tranqüila do prédio fica na estreita rua Rivadavia. Na fachada da Avenida de Mayo, o prédio possui um grande portão de acesso em ferro que leva a uma escada de mármore. A fachada combina varandas finas em curvas, algumas suportadas por colunas de ferro e balaustres em ferro forjado. As paredes da fachada no térreo são cobertas com granito vermelho.
Dentro do edifício, o hall de entrada leva a uma escada em mármore travertino com corremão em ferro batido esculpido. Uma clarabóia feita com vitrais retangulares requintados ilumina a escada em todos os andares. As portas e janelas que categorizam o edifício são formadas por um conjunto feito com madeira ornamentada e vidro chanfrado. Os tetos são finamente trabalhados com acabamento em estuque.
Palacio Vera
Entre 1897 e 1919 foram abertos 18 hotéis na Avenida de Mayo, porém infelizmente a maioria já fechou ou seus edifícios viraram prédios de escritórios ou condomínios residenciais, entre eles o Gran Hotel Argentino, o Hotel Espanhol, o Metropole, o Hotel Cecil, o Paris Hotel, o London Hotel, o Majestic Hotel, o Hotel Chile, o Hotel Ritz, o Hotel Espanha, o Splendid Hotel, entre outros.
No quarto quarteirão, a maioria dos edifícios datam do último quarto do século XIX, como por exemplo o edifício onde ficava o antigo Windsor Hotel, uma construção de 1895, que ocupa uma grande extensão da calçada e que foi projetadoa pelo arquiteto Rolando Le Vacher para Juan Pastine e destinado a ter lojas no térreo e residências de aluguel nos andares superiores. Porém foi transformado no Windsor Hotel na década de 1910, foi sede da Editorial Nova por alguns anos e hoje é ocupado pela Associação Amigos da Avenida de Mayo.
Antigo Windsor Hotel
Mais adiante vamos fazer uma pausa para descansar e tomar um cafezinho em grande estilo, no famoso Café Tortoni, localizado no número 825 da Avenida de Mayo. Este bar pertence ao seleto grupo de bares notáveis da cidade de Buenos Aires, um grupo que reúne os bares e cafés mais representativos da cidade e é oficialmente apoiado por programas do governo da cidade de Buenos Aires.
O Café Tortoni foi o primeiro a trazer cadeiras e mesas para a calçada, um costume rapidamente imitado por outros, transformando a Avenida de Mayo em uma verdadeira peregrinação alegre e animada que vivia ao longo de suas quadras em um verdadeiro caldeirão de nacionalidades. Um ditado popular diz que "a Avenida de Mayo foi planejada pelos argentinos que copiaram os franceses, construídos por italianos e habitados por espanhóis".
Seu nome quase certamente vem do que era no final do século XIX o famoso Café Tortoni em Paris, e tornou-se uma lenda na cidade de Buenos Aires. O clube literário mais popular de Buenos Aires, liderado pelo pintor Benito Quinquela Martín, trabalhava neste café. Hoje ainda é um local por excelência para a divulgação cultural e turística.
Café Tortoni
Sabe-se que foi inaugurado em 1858, mas existem duas versões quanto ao motivo do seu nome: uma delas diz que um imigrante francês com o sobrenome Touan o estabeleceu na esquina das calles Rivadavia e Esmeralda, denominando-o Tortoni, pois era o nome de um estabelecimento da Boulevard des Italiens em Paris, onde a elite da cultura parisiense do século XIX se encontrava.
A outra versão afirma que um certo Oreste Tortoni teria estabelecido o café na Calle Defensa duzentos anos antes. Um dos últimos proprietários do Tortoni, o Sr. Fanego, é a favor da primeira versão e afirma que o segundo nasceu de um erro gráfico de um fornecedor. No entanto, Enrique Puccia, historiador de Buenos Aires, descobriu que realmente havia um guia da cidade onde o Café Tortoni aparecia na Calle Defensa muito antes.
A verdade é que em 1880 ele foi transferido para seu local atual, o térreo da residência da família de Saturnino Unzué na rua Rivadavia. Era um edifício em estilo italiano, com um piso térreo e uma casa no último andar, com uma fachada razoavelmente preservada apesar de seu interior estar muito deteriorado. A extremidade inferior do edifício era o Templo Escocês de Buenos Aires, localizado na Rua Piedras e construído em 1830.
Em 1882, o prefeito Torcuato de Alvear concebeu o projeto para construir uma grande avenida e a futura estrada recebeu o nome de Avenida de Mayo. As obras começaram em 1888, avançando entre as calles Rivadavia e Victoria, hoje Hipólito Yrigoyen, e demoliu os prédios antigos que estavam no caminho, incluindo o Templo Escocês.
A casa da família Unzué foi afetada pela criação da avenida e perdeu o fundo de suas terras, embora, em vez de ser completamente demolida, tenha sido preservada e uma nova e mais luxuosa fachada tenha sido construída com uma saída para a nova estrada. A nova parte da residência, projetada pelo arquiteto norueguês Alejandro Christophersen em estilo acadêmico francês, foi concluída em 1898 e tem um piso térreo e dois andares. A antiga entrada do café na rua Rivadavia continuava existindo como uma porta dos fundos para acessar o setor de bilhar. Atualmente, está permanentemente fechado.
No final do século XIX, o café foi comprado por outro francês, Celestino Curutchet, que vivia nas plantações de café, descrito como um típico senhor francês, pequeno em estatura, mas forte em espírito, com barba espessa e olhos vivos, quase uma reminiscência de um personagem de quadrinhos, acrescentando outra peculiaridade intrigante ao ambiente do café.
O local foi frequentado por um grupo de pintores, escritores, jornalistas e músicos que formaram uma Associação de Artes e Letras, liderada por Benito Quinquela Martin. Em maio de 1926, eles criaram esse grupo La Peña que tinha como objetivo realizar tarefas de divulgação cultural por meio de concertos, recitais, conferências e debates. E para tal pediram a Don Celestino Curutchet que os deixasse usar o andar do porão. O proprietário ficou feliz em aceitar, pois, em suas palavras, os artistas não gastavam muito, mas deram ao café um pouco de brilho e fama.
Nas mesas, passavam figuras da política, da música como Carlos Gardel, da literatura como García Lorca e Jorge Luis Borges, dos esportes como Juan Manuel Fangio ou figuras internacionais de prestígio como Albert Einstein e Federico García Lorca.
Carlos Gardel, além de cantar duas vezes no café, foi por um tempo regular no local. De acordo com o testemunho de Enrique Cadícamo, ele ocupava a mesa do lado direito ao lado da janela que entra em Rivadavia, onde podia encontrar seus amigos sem ser abordado por seus admiradores.
Atualmente, o dono do café é o Touring Club Argentino. A sala "La Bodega", no porão, é palco de diferentes artistas de tango e jazz. Também são realizadas apresentações de livros e concursos de poesia. O café preserva a decoração de seus primeiros anos e a saída na rua Rivadavia. Também possui uma biblioteca e, ao fundo, mesas de bilhar e lounges para jogar dominó e dados.
Ainda no mesmo quarteirão, um pouco depois do Café Tortoni fica localizado o Edifício Siemens que é o único em estilo do racionalismo alemão, projetado pelo arquiteto alemão Hans Hertlein e concluído em 1935, com sua fachada sólida e austera. Como o próprio nome pelo qual é conhecido já diz, foi sede da empresa alemã Siemens até a mudança para o endereço ao lado do Cabildo.
Uma das características incomuns do edifício era o relógio e as duas estátuas gigantes de bronze, com mecanismos de movimento, que tocavam o sino toda vez que se completasse uma hora. Hoje tanto o relógio como os gigantes "colossais" podem ser vistos no topo da nova sede da Siemens, localizada ao lado do Cabildo.
Já o prédio antigo é hoje a sede da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT). Além de ser o único edifício na avenida neste estilo é o mais antigo de Buenos Aires.
Ao lado do Edifício Siemens fica um imponente edifício, obra de Alfredo e Alberto J. Olivari, construído entre 1925 e 1927, de propriedade de Lorenzo V. Ruiz. Destaca-se por sua cúpula de arranha-céus e sua entrada.
No quarteirão seguinte, entre as Calles Tacuarí e Bernardo de Irigoyen, fica um dos hotéis mais famosos de Buenos Aires, o atual Hotel Astoria. A história é meio confusa, pois originalmente este edifício construído e projetado por Alejandro Christophersen em 1901, pertencia a Maria Carranza de Lawson e foi primeiramente destinado a aluguel de apartamentos. Até a década de 1920, todos os tipos de empresas existiam em seu único local: móveis, alfaiataria e cabeleireiro.
Só bem mais tarde, se tornou anexo do Hotel Gran Espanha que já existia desde 1897 em um outro endereço nas proximidades. Quando o Hotel Gran Espanha fechou, o Hotel Astoria foi definitivamente instalado no endereço da Avenida de Mayo e existe até os dias de hoje.
Um pouco mais à frente, na esquina com a Calle Bernardo de Irigoyen, quase chegando na Avenida 9 de Julio, fica a Casa Gregorini, um edifício com reminiscências italianas construído pela família Gregorini alguns anos depois da inauguração da própria Avenida de Mayo.
No início do século XX, a famosa e conceiturada Confeitaria de Alhambra ficava lá, onde se apresentava uma orquestra feminina, uma das principais atrações da Avenida. Nos andares superiores, funcionou até 1942 o Hotel D'Arc, cujos hóspedes incluíam personalidades como José Ortega e Gasset, Arturo Toscanini, Vicente Blasco Ibáñez, Theodore Roosevelt, Enrique Caruso, entre outros.
O local permaneceu fechado e abandonado por cerca de 30 anos e, há uma década, passou para as mãos de uma sociedade familiar que começou a recuperar e reciclar o prédio para transformá-lo em um hotel boutique que eles finalmente abriram há dois meses. Chama-se agora La Fresquè, referindo-se ao enorme mural pintado por Alfredo Segatori em 2001 naquela esquina.
E finalmente chegamos ao cruzamento da Avenida de Mayo com a Avenida 9 de Julio. Como já visitamos a Avenida 9 de Julio no City-Tour Avenidas 01, só nos resta atravessar a mesma e curtir um pouco as suas praças e monumentos, antes de prosseguir pela Avenida de Mayo rumo ao Congresso Nacional.
Um dos mais marcantes é o monumento das Cataratas do Iguaçu, localizado na praça nordeste, chamada Província de Misiones e que foi inaugurado em dezembro de 2013. É um monumento em forma de semicírculo, uma réplica em escala das Cataratas do Iguaçu e que representa a poderosa queda da Garganta do Diabo, uma das quedas mais famosas do parque nacional.
Seis bombas fornecem água sendo que quatro delas descarregam mais de 100.000 litros por hora em um sistema de reciclagem. Duas outras bombas irão gerar orvalho, imitando o efeito sentido ao se aproximar da Garganta do Diabo. A construção tem 280 metros lineares de comprimento e inclui uma passarela através da qual o público pode se aproximar até ficar bem pertinho. O monumento como um todo está localizado em uma superfície protegida por uma cerca de mais de 250 m de comprimento.
A obra foi coordenada pelo arquiteto Sergio Dobrusín e, para sua realização, foi utilizada a chamada "pedra negra", material típico da formação geológica das Cataratas do Iguaçu e transferido da província de Misiones para a cidade de Buenos Aires para fortalecer o simbolismo do monumento.
Atravessando a Avenida 9 de Julio, fica a outra praça chamada Plaza Provincia de Mendoza com duas atrações que também valem uma parada para conhecer.
A primeira é a Fonte Francesa, que tem uma história curiosa. Ela foi encomendada na tradicional casa Val D'Osne em Paris e projetada pelos artistas Marthurin Moreau e Paul Liénard, que projetaram uma magnífica fonte com mais de 12 metros de altura, decorada com Netuno, Naiades, crianças, máscaras, pergaminhos e cartelas, formando o conjunto, um imenso grupo escultórico.
Originalmente ela ficava na Plaza de Mayo e fazia parte do projeto paisagístico da praça. Na década de 1920, a fonte foi desmontada para elevar o monumento a Cristóvão Colombo em seu lugar. Suas partes foram mantidas nos armazéns da cidade e depois colocadas, separadamente, em vários bairros da capital.
Atualmente, três dos quatro atlantes que formavam a base estão localizados no quintal da Direção Geral de Museus da Secretaria de Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires. O quarto atlante do setor inferior está localizado na Avenida Figueroa Alcorta, a 100 metros de seu cruzamento com a Av. Dorrego. Somente a parte superior atualmente está localizada no cruzamento da Avenida 9 de Julio com a Avenida de Mayo.
E a segunda atração é o Monumento a Don Quijote de la Mancha, obra do escultor andaluz Aurelio Teno, e é uma homenagem ao protagonista da obra de Miguel de Cervantes. Chegou a Buenos Aires em 1980 como um presente do governo espanhol por ocasião do 400º aniversário da cidade, que teve a presença da Rainha Sofia da Espanha. Seu pedestal de concreto branco e pedra representa a planície de La Mancha. Um monumento semelhante existe na cidade de Washington.
Já do outro lado da Avenida 9 de Julio, em frente ao Monumento de Don Quijote de la Mancha fica outro edifício de relevante importância histórica, o Antigo Hotel Splendid.
O Splendid foi outro hotel elegante inaugurado em 1908. No final dos anos 30, fechou as portas, mas, ao contrário de seus colegas, não se transmutou em escritórios ou apartamentos para habitação, mas teve um destino ao meu ver um pouco triste, pois cedeu lugar aos caminhos do progresso. Em 1941, foi parcialmente demolido para ganhar espaço para a expansão da Avenida 9 de Julio.
Hoje o local que era ocupado pelo Hotel Splendid encontra-se o Monumento Dom Quixote de la Mancha. Do antigo Splendid só sobrou uma pequena parte que existe até hoje, mas com a demolição parcial o edifício perdeu todas as suas majestosas características, incluindo as suas cúpulas.
Passado o cruzamento com a Avenida 9 de Julio, a presença da cultura espanhola pode ser percebida mais fortemente nas fachadas dos hotéis, cafés, teatros e antigas residencias da comunidade hispânica.
A silhueta do magnífico Hotel Castelar destaca-se no primeiro quarteirão, um dos mais tradicionais hotéis de Buenos Aires. Foi inaugurado como "Hotel Excelsior" em 1928, e era um dos edifícios mais altos da avenida, uma vez que, considerando a legislação específica da Avenida de Mayo que possui um regulamento de alturas máximas, sendo que a partir do sétimo andar, a fachada do edifício tem que ter uma regressão progressiva. Foi projetado pelo arquiteto Mario Palanti e mudou de nome em 1959.
Foi o primeiro da avenida a ter banheiro privativo em todos os quartos, restaurante com ar condicionado frio, um luxuoso spa repleto de belos mármores que, segundo a história, foram encomendados e pagos duas vezes, pois, durante a primeira travessia do Atlântico, o navio que o carregava sucumbiu ao mau tempo e afundou com toda a carga.
Em 1933, teve seu convidado mais ilustre, o escritor espanhol Federico García Lorca, que permaneceu no estabelecimento até março de 1934. Em 2003, em homenagem histórica ao ilustre hóspede seu quarto foi patrocinado pelo governo da cidade de Buenos Aires como Quarto Museu, aberto à visitação pública.
Em 1951, ao mudar de proprietário, recebeu o nome atual de Hotel Castelar, em homenagem a Emilio Castelar y Ripoll, Presidente da Primeira República Espanhola.
Na esquina com a Avenida 9 de Julio, bem pertinho do Hotel Castelar, fica o edifício que abriga o Ritz Hotel, outro dos antigos edifícios da Avenida de Mayo que teve sua estrutura alterada quando da construção da Avenida 9 de Julio, quando perdeu suas cúpulas ornamentais.
Foi projetado como propriedade do fazendeiro Alfonso Bernasconi pelo arquiteto Juan Antonio Buschiazzo, e inaugurado por volta de 1894. É, portanto, uma das construções mais antiga desta artéria de Buenos Aires, e foi originalmente destinada ao aluguel de casas e lojas no térreo. Na primeira metade do século XX, foi ocupado principalmente por consultórios médicos e dentistas, mas décadas depois foi transformado no Ritz Hotel, como foi o caso de inúmeros prédios na mesma avenida.
O Ritz Hotel opera lá desde a década de 1920 como um hotel de 2 estrelas e não tem vínculos com a famosa cadeia Ritz-Carlton de renome internacional.
Um pouco mais adiante existe um pequeno palácio que data de 1895. Foi durante muitos anos a sede da União Industrial Argentina que funcionava em desde em 1922. Em 1974, a empresa mudou-se para sua nova sede mais moderna, na Torre Carlos Pellegrini, mas em 2001 retornou a este edifício.
E no próximo cruzamento fica o tradicional Bar Iberia, o segundo bar mais antigo de Buenos Aires, depois do famoso Café Tortoni, e que foi inaugurado em 1897, originalmente chamado La Toja.
Localizado a apenas uma quadra da sede do comitê central do partido político Unión Cívica Radical, tornou-se um local frequentado por grandes políticos da época, como Hipólito Yrigoyen e Marcelo T. de Alvear. Foi reaberto sob o nome de Bar Iberia na década de 1930 e tornou-se o ponto de encontro dos que apoiavam os republicanos na Guerra Civil Espanhola, muitas vezes levando a brigas nas ruas com os apoiadores fascistas de Franco, que se encontravam no Bar Español, em frente.
Localizado no que hoje é conhecido como "o canto mais espanhol de Buenos Aires", o restaurante foi declarado local de interesse cultural pelo governo da cidade em 2005. Abre 24 horas por dia, 365 dias do ano.
Seguindo adiante, na esquina com a Calle Salta fica o edifício onde se localizava o antigo Hotel de Paris, um prédio com influência art nouveau do arquiteto Gerónimo Agostini. Inaugurado em 7 de Fevereiro de 1910 e até seu encerramento 20 anos depois, era um dos maiores hotéis com 130 quartos e também um dos mais glamourosos da Avenida.
Na fachada, destacam-se as duas estátuas femininas segurando a varanda do primeiro andar e sua cúpula com um mirante, que devido à falta de manutenção foi demolida anos depois.
Quando o Hotel de Paris fechou, o edifício foi transformado em um prédio de escritórios, como foi o destino de muitos hotéis na década de 30. Durante anos o prédio teve pouca manutenção e foi negligenciado até ser necessário a demolição de seu belo mirante.
Atualmente, o restaurante espanhol Plaza Asturias, referência da culinária ibérica na avenida, opera no térreo.
E atravessando a rua, na esquina seguinte, ficava o antigo Hotel Metropole, inaugurado em 1899 e que foi o primeiro de uma longa série de "grandes e luxuosos". Tinha 4 andares com 150 quartos, a maioria com uma vista esplêndida da rua, embora os outros quartos também tinham uma bela vista de um jardim interno aconchegante e tranquilo. Os quartos de terceiro andar tinham móveis Luis XIV que infelizmente foram leiloados em 1909. Dispunha de banhos medicinais para seus hóspedes, com sistemas de imersão, vapor e hidromassagem.
No estilo dos hotéis americanos, era caracterizado por seus grandes salões, grandes espaços públicos e salas com vários ambientes que podiam ser rapidamente convertidos em apartamentos. Um logotipo luxuoso com o nome do hotel impresso no piso do saguão com letras italianas brilhantes dava as boas-vindas ao hóspede. A decoração e o mobiliário eram sublimes. Muito mencionada na época era a escada de mármore de carrara que subia e envolvia um elevador exclusivo da Otis, o primeiro a funcionar na jovem avenida. Oito anos depois, com a chegada de uma nova gerência em 1908, eles mudariam seu nome original para Hotel Cecil, um estabelecimento que ainda funciona como tal, apesar de não reter quase nada de sua fachada e do antigo esplendor do Metropole.
A Calle Salta passava no meio entre o hotel Metropole e o Hotel Paris, cada um ficava em cada esquina, como dois gigantes elegantes. Eles não eram apenas vizinhos diretos, mas também pertenciam ao mesmo dono, Manuel Quemados, um dos empreendedores hoteleiros mais importantes da época.
Em frente ao atual Hotel Cecil fica o Teatro Avenida, inaugurado em 1908 com uma produção do dramaturgo espanhol Lope de Vega de "Justiça sem Vingança". O teatro tornou-se o principal local do teatro espanhol em Buenos Aires após a conversão do Teatro Cervantes no Teatro Nacional de Comédia em 1933 e a peça de Federico García Lorca, "Bodas de Sangue" foi encenada lá naquele ano. Logo ganhou fama por suas variadas operetas e zarzuelas, muitas lideradas pelo renomado diretor de teatro espanhol Federico Moreno Torroba, bem como por eventos especiais, como a produção de Aida, em 1939, para o benefício de instituições de caridade espanholas que lidavam com as consequências da Guerra Civil Espanhola.
A produção de teatro espanhol na Avenida declinou após 1960, e a Avenida voltou-se para as produções teatrais da Broadway, mesmo que as vezes, variando seu repertório, apresentava produções clássicas como a La Traviata, de Giuseppe Verdi, em 1967.
A compra do teatro pelo empresário local Faustino García trouxe de volta o antigo diretor de teatro Moreno Torroba em 1970 e com ele o ressurgimento da tradicional zarzuela, um gênero lírico-dramático espanhol que alterna entre cenas faladas e cantadas, incorporando canções de ópera com músicas populares, além de dança.
O advento da última ditadura militar da Argentina em 1976 levou a um declínio abrupto da atividade teatral local, levando ao fechamento da Avenida em 1977. Um incêndio em Abril de 1979 destruiu completamente o prédio todo e o teatro permaneceu fechado até sua reabertura em 19 de Junho de 1994. No entanto, a seção superior do edifício original, que incluía o antigo Hotel Castilla, não foi restaurada.
Com o fechamento temporário do Teatro Colón, em 2006 quando iniciaram-se as obras de uma extensa reforma, o Teatro Avenida ganhou novos ares na cidade e teve sua programação clássica de ópera inovada por apresentações de jovens vozes promissoras, encenando humildes produções de grandes títulos como Madama Butterfly de Puccini, Carmen de Bizet, La Traviata de Verdi e o Barbeiro de Sevilha de Rossini, entre outros.
Foto antiga do Café Tortoni
A verdade é que em 1880 ele foi transferido para seu local atual, o térreo da residência da família de Saturnino Unzué na rua Rivadavia. Era um edifício em estilo italiano, com um piso térreo e uma casa no último andar, com uma fachada razoavelmente preservada apesar de seu interior estar muito deteriorado. A extremidade inferior do edifício era o Templo Escocês de Buenos Aires, localizado na Rua Piedras e construído em 1830.
Em 1882, o prefeito Torcuato de Alvear concebeu o projeto para construir uma grande avenida e a futura estrada recebeu o nome de Avenida de Mayo. As obras começaram em 1888, avançando entre as calles Rivadavia e Victoria, hoje Hipólito Yrigoyen, e demoliu os prédios antigos que estavam no caminho, incluindo o Templo Escocês.
A casa da família Unzué foi afetada pela criação da avenida e perdeu o fundo de suas terras, embora, em vez de ser completamente demolida, tenha sido preservada e uma nova e mais luxuosa fachada tenha sido construída com uma saída para a nova estrada. A nova parte da residência, projetada pelo arquiteto norueguês Alejandro Christophersen em estilo acadêmico francês, foi concluída em 1898 e tem um piso térreo e dois andares. A antiga entrada do café na rua Rivadavia continuava existindo como uma porta dos fundos para acessar o setor de bilhar. Atualmente, está permanentemente fechado.
Interior do Café Tortoni
No final do século XIX, o café foi comprado por outro francês, Celestino Curutchet, que vivia nas plantações de café, descrito como um típico senhor francês, pequeno em estatura, mas forte em espírito, com barba espessa e olhos vivos, quase uma reminiscência de um personagem de quadrinhos, acrescentando outra peculiaridade intrigante ao ambiente do café.
O local foi frequentado por um grupo de pintores, escritores, jornalistas e músicos que formaram uma Associação de Artes e Letras, liderada por Benito Quinquela Martin. Em maio de 1926, eles criaram esse grupo La Peña que tinha como objetivo realizar tarefas de divulgação cultural por meio de concertos, recitais, conferências e debates. E para tal pediram a Don Celestino Curutchet que os deixasse usar o andar do porão. O proprietário ficou feliz em aceitar, pois, em suas palavras, os artistas não gastavam muito, mas deram ao café um pouco de brilho e fama.
Nas mesas, passavam figuras da política, da música como Carlos Gardel, da literatura como García Lorca e Jorge Luis Borges, dos esportes como Juan Manuel Fangio ou figuras internacionais de prestígio como Albert Einstein e Federico García Lorca.
La Peña
Carlos Gardel, além de cantar duas vezes no café, foi por um tempo regular no local. De acordo com o testemunho de Enrique Cadícamo, ele ocupava a mesa do lado direito ao lado da janela que entra em Rivadavia, onde podia encontrar seus amigos sem ser abordado por seus admiradores.
Atualmente, o dono do café é o Touring Club Argentino. A sala "La Bodega", no porão, é palco de diferentes artistas de tango e jazz. Também são realizadas apresentações de livros e concursos de poesia. O café preserva a decoração de seus primeiros anos e a saída na rua Rivadavia. Também possui uma biblioteca e, ao fundo, mesas de bilhar e lounges para jogar dominó e dados.
A mesa de Gardel
Ainda no mesmo quarteirão, um pouco depois do Café Tortoni fica localizado o Edifício Siemens que é o único em estilo do racionalismo alemão, projetado pelo arquiteto alemão Hans Hertlein e concluído em 1935, com sua fachada sólida e austera. Como o próprio nome pelo qual é conhecido já diz, foi sede da empresa alemã Siemens até a mudança para o endereço ao lado do Cabildo.
Uma das características incomuns do edifício era o relógio e as duas estátuas gigantes de bronze, com mecanismos de movimento, que tocavam o sino toda vez que se completasse uma hora. Hoje tanto o relógio como os gigantes "colossais" podem ser vistos no topo da nova sede da Siemens, localizada ao lado do Cabildo.
Já o prédio antigo é hoje a sede da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT). Além de ser o único edifício na avenida neste estilo é o mais antigo de Buenos Aires.
Ao lado do Edifício Siemens fica um imponente edifício, obra de Alfredo e Alberto J. Olivari, construído entre 1925 e 1927, de propriedade de Lorenzo V. Ruiz. Destaca-se por sua cúpula de arranha-céus e sua entrada.
Antigo Edifício Siemens do lado direito
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No quarteirão seguinte, entre as Calles Tacuarí e Bernardo de Irigoyen, fica um dos hotéis mais famosos de Buenos Aires, o atual Hotel Astoria. A história é meio confusa, pois originalmente este edifício construído e projetado por Alejandro Christophersen em 1901, pertencia a Maria Carranza de Lawson e foi primeiramente destinado a aluguel de apartamentos. Até a década de 1920, todos os tipos de empresas existiam em seu único local: móveis, alfaiataria e cabeleireiro.
Só bem mais tarde, se tornou anexo do Hotel Gran Espanha que já existia desde 1897 em um outro endereço nas proximidades. Quando o Hotel Gran Espanha fechou, o Hotel Astoria foi definitivamente instalado no endereço da Avenida de Mayo e existe até os dias de hoje.
Hotel Astoria
Um pouco mais à frente, na esquina com a Calle Bernardo de Irigoyen, quase chegando na Avenida 9 de Julio, fica a Casa Gregorini, um edifício com reminiscências italianas construído pela família Gregorini alguns anos depois da inauguração da própria Avenida de Mayo.
No início do século XX, a famosa e conceiturada Confeitaria de Alhambra ficava lá, onde se apresentava uma orquestra feminina, uma das principais atrações da Avenida. Nos andares superiores, funcionou até 1942 o Hotel D'Arc, cujos hóspedes incluíam personalidades como José Ortega e Gasset, Arturo Toscanini, Vicente Blasco Ibáñez, Theodore Roosevelt, Enrique Caruso, entre outros.
O local permaneceu fechado e abandonado por cerca de 30 anos e, há uma década, passou para as mãos de uma sociedade familiar que começou a recuperar e reciclar o prédio para transformá-lo em um hotel boutique que eles finalmente abriram há dois meses. Chama-se agora La Fresquè, referindo-se ao enorme mural pintado por Alfredo Segatori em 2001 naquela esquina.
Um dos mais marcantes é o monumento das Cataratas do Iguaçu, localizado na praça nordeste, chamada Província de Misiones e que foi inaugurado em dezembro de 2013. É um monumento em forma de semicírculo, uma réplica em escala das Cataratas do Iguaçu e que representa a poderosa queda da Garganta do Diabo, uma das quedas mais famosas do parque nacional.
Seis bombas fornecem água sendo que quatro delas descarregam mais de 100.000 litros por hora em um sistema de reciclagem. Duas outras bombas irão gerar orvalho, imitando o efeito sentido ao se aproximar da Garganta do Diabo. A construção tem 280 metros lineares de comprimento e inclui uma passarela através da qual o público pode se aproximar até ficar bem pertinho. O monumento como um todo está localizado em uma superfície protegida por uma cerca de mais de 250 m de comprimento.
A obra foi coordenada pelo arquiteto Sergio Dobrusín e, para sua realização, foi utilizada a chamada "pedra negra", material típico da formação geológica das Cataratas do Iguaçu e transferido da província de Misiones para a cidade de Buenos Aires para fortalecer o simbolismo do monumento.
Monumento a las Cataratas del Iguazy
Atravessando a Avenida 9 de Julio, fica a outra praça chamada Plaza Provincia de Mendoza com duas atrações que também valem uma parada para conhecer.
A primeira é a Fonte Francesa, que tem uma história curiosa. Ela foi encomendada na tradicional casa Val D'Osne em Paris e projetada pelos artistas Marthurin Moreau e Paul Liénard, que projetaram uma magnífica fonte com mais de 12 metros de altura, decorada com Netuno, Naiades, crianças, máscaras, pergaminhos e cartelas, formando o conjunto, um imenso grupo escultórico.
Originalmente ela ficava na Plaza de Mayo e fazia parte do projeto paisagístico da praça. Na década de 1920, a fonte foi desmontada para elevar o monumento a Cristóvão Colombo em seu lugar. Suas partes foram mantidas nos armazéns da cidade e depois colocadas, separadamente, em vários bairros da capital.
Atualmente, três dos quatro atlantes que formavam a base estão localizados no quintal da Direção Geral de Museus da Secretaria de Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires. O quarto atlante do setor inferior está localizado na Avenida Figueroa Alcorta, a 100 metros de seu cruzamento com a Av. Dorrego. Somente a parte superior atualmente está localizada no cruzamento da Avenida 9 de Julio com a Avenida de Mayo.
E a segunda atração é o Monumento a Don Quijote de la Mancha, obra do escultor andaluz Aurelio Teno, e é uma homenagem ao protagonista da obra de Miguel de Cervantes. Chegou a Buenos Aires em 1980 como um presente do governo espanhol por ocasião do 400º aniversário da cidade, que teve a presença da Rainha Sofia da Espanha. Seu pedestal de concreto branco e pedra representa a planície de La Mancha. Um monumento semelhante existe na cidade de Washington.
Fonte Francesa
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Já do outro lado da Avenida 9 de Julio, em frente ao Monumento de Don Quijote de la Mancha fica outro edifício de relevante importância histórica, o Antigo Hotel Splendid.
O Splendid foi outro hotel elegante inaugurado em 1908. No final dos anos 30, fechou as portas, mas, ao contrário de seus colegas, não se transmutou em escritórios ou apartamentos para habitação, mas teve um destino ao meu ver um pouco triste, pois cedeu lugar aos caminhos do progresso. Em 1941, foi parcialmente demolido para ganhar espaço para a expansão da Avenida 9 de Julio.
Hoje o local que era ocupado pelo Hotel Splendid encontra-se o Monumento Dom Quixote de la Mancha. Do antigo Splendid só sobrou uma pequena parte que existe até hoje, mas com a demolição parcial o edifício perdeu todas as suas majestosas características, incluindo as suas cúpulas.
Passado o cruzamento com a Avenida 9 de Julio, a presença da cultura espanhola pode ser percebida mais fortemente nas fachadas dos hotéis, cafés, teatros e antigas residencias da comunidade hispânica.
A silhueta do magnífico Hotel Castelar destaca-se no primeiro quarteirão, um dos mais tradicionais hotéis de Buenos Aires. Foi inaugurado como "Hotel Excelsior" em 1928, e era um dos edifícios mais altos da avenida, uma vez que, considerando a legislação específica da Avenida de Mayo que possui um regulamento de alturas máximas, sendo que a partir do sétimo andar, a fachada do edifício tem que ter uma regressão progressiva. Foi projetado pelo arquiteto Mario Palanti e mudou de nome em 1959.
Foi o primeiro da avenida a ter banheiro privativo em todos os quartos, restaurante com ar condicionado frio, um luxuoso spa repleto de belos mármores que, segundo a história, foram encomendados e pagos duas vezes, pois, durante a primeira travessia do Atlântico, o navio que o carregava sucumbiu ao mau tempo e afundou com toda a carga.
Em 1933, teve seu convidado mais ilustre, o escritor espanhol Federico García Lorca, que permaneceu no estabelecimento até março de 1934. Em 2003, em homenagem histórica ao ilustre hóspede seu quarto foi patrocinado pelo governo da cidade de Buenos Aires como Quarto Museu, aberto à visitação pública.
Em 1951, ao mudar de proprietário, recebeu o nome atual de Hotel Castelar, em homenagem a Emilio Castelar y Ripoll, Presidente da Primeira República Espanhola.
Hotel Castelar
Na esquina com a Avenida 9 de Julio, bem pertinho do Hotel Castelar, fica o edifício que abriga o Ritz Hotel, outro dos antigos edifícios da Avenida de Mayo que teve sua estrutura alterada quando da construção da Avenida 9 de Julio, quando perdeu suas cúpulas ornamentais.
Foi projetado como propriedade do fazendeiro Alfonso Bernasconi pelo arquiteto Juan Antonio Buschiazzo, e inaugurado por volta de 1894. É, portanto, uma das construções mais antiga desta artéria de Buenos Aires, e foi originalmente destinada ao aluguel de casas e lojas no térreo. Na primeira metade do século XX, foi ocupado principalmente por consultórios médicos e dentistas, mas décadas depois foi transformado no Ritz Hotel, como foi o caso de inúmeros prédios na mesma avenida.
O Ritz Hotel opera lá desde a década de 1920 como um hotel de 2 estrelas e não tem vínculos com a famosa cadeia Ritz-Carlton de renome internacional.
O Ritz Hotel com suas cúpulas ornamentais
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Um pouco mais adiante existe um pequeno palácio que data de 1895. Foi durante muitos anos a sede da União Industrial Argentina que funcionava em desde em 1922. Em 1974, a empresa mudou-se para sua nova sede mais moderna, na Torre Carlos Pellegrini, mas em 2001 retornou a este edifício.
E no próximo cruzamento fica o tradicional Bar Iberia, o segundo bar mais antigo de Buenos Aires, depois do famoso Café Tortoni, e que foi inaugurado em 1897, originalmente chamado La Toja.
Localizado a apenas uma quadra da sede do comitê central do partido político Unión Cívica Radical, tornou-se um local frequentado por grandes políticos da época, como Hipólito Yrigoyen e Marcelo T. de Alvear. Foi reaberto sob o nome de Bar Iberia na década de 1930 e tornou-se o ponto de encontro dos que apoiavam os republicanos na Guerra Civil Espanhola, muitas vezes levando a brigas nas ruas com os apoiadores fascistas de Franco, que se encontravam no Bar Español, em frente.
Localizado no que hoje é conhecido como "o canto mais espanhol de Buenos Aires", o restaurante foi declarado local de interesse cultural pelo governo da cidade em 2005. Abre 24 horas por dia, 365 dias do ano.
União Industrial Argentina
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Seguindo adiante, na esquina com a Calle Salta fica o edifício onde se localizava o antigo Hotel de Paris, um prédio com influência art nouveau do arquiteto Gerónimo Agostini. Inaugurado em 7 de Fevereiro de 1910 e até seu encerramento 20 anos depois, era um dos maiores hotéis com 130 quartos e também um dos mais glamourosos da Avenida.
Na fachada, destacam-se as duas estátuas femininas segurando a varanda do primeiro andar e sua cúpula com um mirante, que devido à falta de manutenção foi demolida anos depois.
Quando o Hotel de Paris fechou, o edifício foi transformado em um prédio de escritórios, como foi o destino de muitos hotéis na década de 30. Durante anos o prédio teve pouca manutenção e foi negligenciado até ser necessário a demolição de seu belo mirante.
Atualmente, o restaurante espanhol Plaza Asturias, referência da culinária ibérica na avenida, opera no térreo.
O Hotel de Paris antigamente
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E atravessando a rua, na esquina seguinte, ficava o antigo Hotel Metropole, inaugurado em 1899 e que foi o primeiro de uma longa série de "grandes e luxuosos". Tinha 4 andares com 150 quartos, a maioria com uma vista esplêndida da rua, embora os outros quartos também tinham uma bela vista de um jardim interno aconchegante e tranquilo. Os quartos de terceiro andar tinham móveis Luis XIV que infelizmente foram leiloados em 1909. Dispunha de banhos medicinais para seus hóspedes, com sistemas de imersão, vapor e hidromassagem.
No estilo dos hotéis americanos, era caracterizado por seus grandes salões, grandes espaços públicos e salas com vários ambientes que podiam ser rapidamente convertidos em apartamentos. Um logotipo luxuoso com o nome do hotel impresso no piso do saguão com letras italianas brilhantes dava as boas-vindas ao hóspede. A decoração e o mobiliário eram sublimes. Muito mencionada na época era a escada de mármore de carrara que subia e envolvia um elevador exclusivo da Otis, o primeiro a funcionar na jovem avenida. Oito anos depois, com a chegada de uma nova gerência em 1908, eles mudariam seu nome original para Hotel Cecil, um estabelecimento que ainda funciona como tal, apesar de não reter quase nada de sua fachada e do antigo esplendor do Metropole.
O antigo Hotel Metropole
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A Calle Salta passava no meio entre o hotel Metropole e o Hotel Paris, cada um ficava em cada esquina, como dois gigantes elegantes. Eles não eram apenas vizinhos diretos, mas também pertenciam ao mesmo dono, Manuel Quemados, um dos empreendedores hoteleiros mais importantes da época.
Em frente ao atual Hotel Cecil fica o Teatro Avenida, inaugurado em 1908 com uma produção do dramaturgo espanhol Lope de Vega de "Justiça sem Vingança". O teatro tornou-se o principal local do teatro espanhol em Buenos Aires após a conversão do Teatro Cervantes no Teatro Nacional de Comédia em 1933 e a peça de Federico García Lorca, "Bodas de Sangue" foi encenada lá naquele ano. Logo ganhou fama por suas variadas operetas e zarzuelas, muitas lideradas pelo renomado diretor de teatro espanhol Federico Moreno Torroba, bem como por eventos especiais, como a produção de Aida, em 1939, para o benefício de instituições de caridade espanholas que lidavam com as consequências da Guerra Civil Espanhola.
O antigo Teatro Avenida com o Hotel Castilla nos andares superiors
A produção de teatro espanhol na Avenida declinou após 1960, e a Avenida voltou-se para as produções teatrais da Broadway, mesmo que as vezes, variando seu repertório, apresentava produções clássicas como a La Traviata, de Giuseppe Verdi, em 1967.
A compra do teatro pelo empresário local Faustino García trouxe de volta o antigo diretor de teatro Moreno Torroba em 1970 e com ele o ressurgimento da tradicional zarzuela, um gênero lírico-dramático espanhol que alterna entre cenas faladas e cantadas, incorporando canções de ópera com músicas populares, além de dança.
Interior do Teatro Avenida
O advento da última ditadura militar da Argentina em 1976 levou a um declínio abrupto da atividade teatral local, levando ao fechamento da Avenida em 1977. Um incêndio em Abril de 1979 destruiu completamente o prédio todo e o teatro permaneceu fechado até sua reabertura em 19 de Junho de 1994. No entanto, a seção superior do edifício original, que incluía o antigo Hotel Castilla, não foi restaurada.
Com o fechamento temporário do Teatro Colón, em 2006 quando iniciaram-se as obras de uma extensa reforma, o Teatro Avenida ganhou novos ares na cidade e teve sua programação clássica de ópera inovada por apresentações de jovens vozes promissoras, encenando humildes produções de grandes títulos como Madama Butterfly de Puccini, Carmen de Bizet, La Traviata de Verdi e o Barbeiro de Sevilha de Rossini, entre outros.
O Teatro Avenida hoje
Em frente ao Teatro Avenida, e consequentemente ao lado do Hotel Cecil, encontramos o elegante Café Los 36 Billares, cuja fachada se destaca por seu granito vermelho e suas grandes janelas cobertas por grandes toldos. No porão, existem inúmeras mesas de bilhar e sinuca, cercadas por arquibancadas para não perder nenhum detalhe. São realizadas aulas de bilhar e vários campeões fazem palestras em suas mesas.
Foi inaugurado em 1894, quando a abertura da Avenida de Mayo acabava de ser concluída. Ele ocupa o andar térreo e o subsolo de um prédio de apartamentos construído em 1914 para a Companhia de Seguros “La Franco Argentina”, pelos arquitetos Tiphaine e Colmegna, em estilo acadêmico francês. Hoje os andares superiores do prédio abrigam o Hotel Marbella.
Café Los 36 Billares
O Café Los 36 Billares deve seu nome ao fabricante das mesas de bilhar e em suas mesas passaram escritores notáveis como o espanhol Federico García Lorca e Abelardo Arias e jornalistas como Miguel Ángel Bavio Esquiú ou Timo Zorraquín.
Em 2013 foi fechado após rumores correrem dizendo que havia sido comprado por uma cadeia de pizzarias mas reabriu suas portas em 2014 após um enorme trabalho de reforma e restauração. O lendário subsolo foi reciclado novamente, preservando as características e o estilo que fizeram do Los 36 Billares um dos points de maior interesse da cidade de Buenos Aires. A evidência incansável do trabalho realizado mostra que todos os rumores sobre a transformação do café notável em uma pizzaria eram absolutamente infundados.
Ao lado do Café Los 36 Billares fica o edifício que abrigou no passado o antigo Hotel Lutecia, que hoje é o Hotel Chile, e que foi projetado por Louis Dubois e concluído em 1907. É um dos exemplos representativos do art nouveau em Buenos Aires. No inverno de 1988, sofreu um incêndio que destruiu totalmente sua cúpula de influências orientais. A ardósia do telhado foi substituída por chapas metálicas, permaneceu sem a cúpula pelos próximos trinta anos até ser reconstruída em meados de 2018.
Hoje, o hotel continua a funcionar, embora tenha renunciado a algumas das estrelas que certificaram seu antigo esplendor e no térreo funciona o restaurante espanhol Plaza España.
No meio do quarteirão, na calçada oposta, encontramos a silhueta inconfundível do Palácio Barolo, em um inconfundível estilo neogótico romântico. O arquiteto italiano Mario Palanti construiu este palácio a pedido do empresário têxtil Luis Barolo, projetando até elementos de detalhes como maçanetas, luminárias e gaiolas para elevadores, em um caso de um verdadeiro conceito integral.
Seu design é todo baseado na Divina Comédia, pois Palanti era aluno de Dante Alighieri, e foi pioneiro no uso de concreto armado dentro de um estilo eclético peculiar. Diz uma lenda urbana que a intenção de Palanti era depositar os restos mortais de Dante no edifício.
Hoje, o hotel continua a funcionar, embora tenha renunciado a algumas das estrelas que certificaram seu antigo esplendor e no térreo funciona o restaurante espanhol Plaza España.
O antigo Hotel Lutecia
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Na quadra seguinte, no cruzamento da Avenida de Mayo com a Calle Santiago del Estero e em frente ao Hotel Chile, fica o edifício conhecido como Hotel Majestic e que hoje é uma das sedes da AFIP - Administração da Receita Federal Argentina. É uma das construções representativas mais importantes da Avenida de Mayo, destacando-se por sua torre e suas dimensões.
Originalmente, o prédio não havia sido realmente concebido como um hotel. Na realidade, em 1901 foi fundada a Caja Internacional Mutua de Pensões, mais conhecida como La Mutua, uma cooperativa que teria mais de 40.000 membros e 7 edifícios pertencentes a ela. Entre 1904 e 1905, La Mutua adquiriu dois terrenos na Calle Santiago del Estero, entre a Avenida de Mayo e Rivadavia. Planejando a construção de sua sede, apartamentos para aluguel de escritórios e casas para seus membros, La Mutua convocou em 1904 um concurso de projetos, com a colaboração da Sociedade Central de Arquitetos. A proposta vencedora foi a dos arquitetos F.L. Collivadino e I. Benedetti, porém com a compra de dois lotes vizinhos, o projeto original foi ampliado e modificado.
Tendo em vista a chegada do Centenário da Revolução de Maio, uma empresa decidiu alugar o prédio para transformá-lo em um hotel de luxo, onde várias delegações de representantes estrangeiros ficaram durante as festividades. O hotel foi fechado por volta de 1925 e o edifício foi adquirido em 1931 pelo Estado Argentino, que instalou a Diretoria Geral de Impostos sobre a Receita. Em 1947, a agência foi transformada na DGI - Direção Geral de Impostos e, em 1996, tornou-se o AFIP.
Com a re-funcionalização do antigo hotel como sede de uma agência estadual de 1931, o edifício passou por sucessivas reformas, adaptando os ambientes para acomodar escritórios e removendo os ornamentos e detalhes decorativos das fachadas. O edifício degradou-se progressivamente, perdendo a riqueza de sua arquitetura em busca de economizar sua manutenção.
Este belo edifício tinha um porão, térreo, sete andares altos, um terraço acessível no telhado e um oitavo andar na torre com seus quatro relógios, onde funcionava o primeiro refletor rotativo que banhava toda a cidade com uma luz intensa. O sétimo andar oferecia o apelo de uma grande galeria de vidro onde um bar funcionava. Do lado de fora, entre a galeria e a balaustrada, ficava a sala de jantar de verão.
Nas fachadas ainda pode-se ver uma amostra de diferentes estilos: acadêmico, art nouveau e fundamentalmente art déco, e essa mistura é fruto das várias intervenções realizadas.
Atualmente, o edifício do antigo hotel está desocupado, com sua fachada protegida por andaimes para evitar incidentes de deslizamento de terra, e obras de remodelação controversas foram suspensas enquanto sua deterioração geral continua a progredir. Em 2014, as obras de restauração de suas fachadas começaram definitivamente, a serem feitas em etapas, das quais a primeira a ser realizada foi a do setor da Calle Rivadavia.
Quanto à estética, o edifício perdeu a maior parte de seus elementos decorativos originais: a cúpula coberta de ardósia foi substituída por uma estrutura de concreto e perdeu o topo da cúpula em forma de sol radiante. As varandas com grades artísticas de ferro foram reconstruídas em alvenaria. Foram removidas as fachadas e balaústres, a colunata no telhado, os quatro relógios e a lanterna da torre, a varanda de observação do perímetro e a marquise artística no térreo.
No entanto, o edifício mantém boa parte de sua decoração interior, como a abundante boisserie e as portas originais com vidro fosco com as iniciais do Hotel Majestic.
Adjacente ao edifício do antigo Hotel Majestic fica a antiga sede do Jornal Crítica, construído em 1926 e o único edifício nesta avenida em puro estilo Art Deco. Embora a primeira sede da redação da Crítica estivesse localizada na rua Sarmiento, eram escritórios alugados. Somente em meados da década de 1920 foi adquirido um dos poucos lotes vagos restantes na Avenida de Mayo, com o objetivo de construir o grande "palácio jornalístico".
Para isso, o diretor do jornal, Natalio Félix Botana, entrou em contato com os arquitetos húngaros Andrés e Gyorgy Kálnay, que em 1926 projetaram o novo edifício. No porão estavam as máquinas e as prensas, no primeiro andar o escritório do Diretório, no segundo o escritório de Botana, a sala de reunião, a biblioteca e o arquivo da Crítica; no terceiro andar a escrita, no quarto andar os gravadores e a administração e no quinto as oficinas. Além disso, o prédio possuía uma série de consultórios médicos e jurídicos de atendimento gratuito, que eram acessados pela entrada traseira na Rua Rivadavia.
O escritório de Botana se destaca na fachada, pois é recuado da frente, adornado com motivos botânicos que aludem à árvore do jornalismo e seus frutos, e guardado por quatro estátuas. Outro detalhe notável do edifício Crítica foram suas grossas portas de correr de bronze, que permitiram que a equipe do jornal fosse salva em oportunidades de manifestações violentas que tentavam atacar a sede.
Atualmente, este edifício pertence ao Estado Nacional e abriga a Superintendência de Administração da Polícia Federal Argentina.
Originalmente, o prédio não havia sido realmente concebido como um hotel. Na realidade, em 1901 foi fundada a Caja Internacional Mutua de Pensões, mais conhecida como La Mutua, uma cooperativa que teria mais de 40.000 membros e 7 edifícios pertencentes a ela. Entre 1904 e 1905, La Mutua adquiriu dois terrenos na Calle Santiago del Estero, entre a Avenida de Mayo e Rivadavia. Planejando a construção de sua sede, apartamentos para aluguel de escritórios e casas para seus membros, La Mutua convocou em 1904 um concurso de projetos, com a colaboração da Sociedade Central de Arquitetos. A proposta vencedora foi a dos arquitetos F.L. Collivadino e I. Benedetti, porém com a compra de dois lotes vizinhos, o projeto original foi ampliado e modificado.
Tendo em vista a chegada do Centenário da Revolução de Maio, uma empresa decidiu alugar o prédio para transformá-lo em um hotel de luxo, onde várias delegações de representantes estrangeiros ficaram durante as festividades. O hotel foi fechado por volta de 1925 e o edifício foi adquirido em 1931 pelo Estado Argentino, que instalou a Diretoria Geral de Impostos sobre a Receita. Em 1947, a agência foi transformada na DGI - Direção Geral de Impostos e, em 1996, tornou-se o AFIP.
Com a re-funcionalização do antigo hotel como sede de uma agência estadual de 1931, o edifício passou por sucessivas reformas, adaptando os ambientes para acomodar escritórios e removendo os ornamentos e detalhes decorativos das fachadas. O edifício degradou-se progressivamente, perdendo a riqueza de sua arquitetura em busca de economizar sua manutenção.
Este belo edifício tinha um porão, térreo, sete andares altos, um terraço acessível no telhado e um oitavo andar na torre com seus quatro relógios, onde funcionava o primeiro refletor rotativo que banhava toda a cidade com uma luz intensa. O sétimo andar oferecia o apelo de uma grande galeria de vidro onde um bar funcionava. Do lado de fora, entre a galeria e a balaustrada, ficava a sala de jantar de verão.
Nas fachadas ainda pode-se ver uma amostra de diferentes estilos: acadêmico, art nouveau e fundamentalmente art déco, e essa mistura é fruto das várias intervenções realizadas.
Atualmente, o edifício do antigo hotel está desocupado, com sua fachada protegida por andaimes para evitar incidentes de deslizamento de terra, e obras de remodelação controversas foram suspensas enquanto sua deterioração geral continua a progredir. Em 2014, as obras de restauração de suas fachadas começaram definitivamente, a serem feitas em etapas, das quais a primeira a ser realizada foi a do setor da Calle Rivadavia.
Quanto à estética, o edifício perdeu a maior parte de seus elementos decorativos originais: a cúpula coberta de ardósia foi substituída por uma estrutura de concreto e perdeu o topo da cúpula em forma de sol radiante. As varandas com grades artísticas de ferro foram reconstruídas em alvenaria. Foram removidas as fachadas e balaústres, a colunata no telhado, os quatro relógios e a lanterna da torre, a varanda de observação do perímetro e a marquise artística no térreo.
No entanto, o edifício mantém boa parte de sua decoração interior, como a abundante boisserie e as portas originais com vidro fosco com as iniciais do Hotel Majestic.
Adjacente ao edifício do antigo Hotel Majestic fica a antiga sede do Jornal Crítica, construído em 1926 e o único edifício nesta avenida em puro estilo Art Deco. Embora a primeira sede da redação da Crítica estivesse localizada na rua Sarmiento, eram escritórios alugados. Somente em meados da década de 1920 foi adquirido um dos poucos lotes vagos restantes na Avenida de Mayo, com o objetivo de construir o grande "palácio jornalístico".
Para isso, o diretor do jornal, Natalio Félix Botana, entrou em contato com os arquitetos húngaros Andrés e Gyorgy Kálnay, que em 1926 projetaram o novo edifício. No porão estavam as máquinas e as prensas, no primeiro andar o escritório do Diretório, no segundo o escritório de Botana, a sala de reunião, a biblioteca e o arquivo da Crítica; no terceiro andar a escrita, no quarto andar os gravadores e a administração e no quinto as oficinas. Além disso, o prédio possuía uma série de consultórios médicos e jurídicos de atendimento gratuito, que eram acessados pela entrada traseira na Rua Rivadavia.
O escritório de Botana se destaca na fachada, pois é recuado da frente, adornado com motivos botânicos que aludem à árvore do jornalismo e seus frutos, e guardado por quatro estátuas. Outro detalhe notável do edifício Crítica foram suas grossas portas de correr de bronze, que permitiram que a equipe do jornal fosse salva em oportunidades de manifestações violentas que tentavam atacar a sede.
Atualmente, este edifício pertence ao Estado Nacional e abriga a Superintendência de Administração da Polícia Federal Argentina.
No meio do quarteirão, na calçada oposta, encontramos a silhueta inconfundível do Palácio Barolo, em um inconfundível estilo neogótico romântico. O arquiteto italiano Mario Palanti construiu este palácio a pedido do empresário têxtil Luis Barolo, projetando até elementos de detalhes como maçanetas, luminárias e gaiolas para elevadores, em um caso de um verdadeiro conceito integral.
Seu design é todo baseado na Divina Comédia, pois Palanti era aluno de Dante Alighieri, e foi pioneiro no uso de concreto armado dentro de um estilo eclético peculiar. Diz uma lenda urbana que a intenção de Palanti era depositar os restos mortais de Dante no edifício.
A divisão geral do palácio segue a estrutura da Divina Comédia. Por esse motivo, ele tem três partes diferentes distribuídas em seus 22 andares: o térreo com arcadas decoradas por gárgulas representa o inferno; os 14 andares intermediários representam o purgatório; e a torre central simboliza o paraíso sendo que o farol representa o Empíreo, o ponto mais alto do Céu, a luz divina, a própria presença de Deus onde as almas abençoadas se reúnem.
A construção na época foi uma grande inovação com um estilo eclético peculiar, cultivado pelo próprio Palanti, remanescente da arte gótica e especialmente da arte islâmica na Índia. Todos os materiais decorativos foram importados, como o mármore de Carrara usado para os revestimentos.
Além das decorações e ornamentações arquitetônicas de encher os olhos, as vistas do Palácio Barolo são admiráveis e suas varandas de 360 graus ao redor do edifício oferecem vistas panorâmicas únicas e inesquecíveis.
Foi inaugurado em 7 de julho de 1923 e até 1930 era o mais alto da cidade e da América do Sul, com aproximadamente 100 m de altura e 18 andares, o que foi permitido por uma exceção à portaria regulamentadora realizada para esse fim. Em 1997, este edifício foi declarado Monumento Histórico Nacional e atualmente destina-se somente a escritórios das mais variadas profissões, como arquitetos, contadores, advogados, TI e produtores audiovisuais, agências de turismo, entre outros. Só por curiosidade, seu proprietário tinha em mente construí-lo para usar três andares e depois alugar o restante que hoje contabilizam mais de 300 escritórios.
No topo, possui um farol com um arco elétrico com uma potência de 300.000 velas de ignição e normalmente é usado em alguns eventos significativos. Mas em 2010 foi incrementado com uma lâmpada de 5000 watts e declarado "Farol do Bicentenário". Um feixe de luz foi projetado na cidade de Buenos Aires como parte das celebrações do Bicentenário e a cada 25 dias de cada mês era ligado por meia hora iluminando o céu noturno Buenos Aires.
O térreo é atravessado longitudinalmente por uma passagem que liga a Avenida de Mayo à Calle Hipólito Yrigoyen, com instalações comerciais finamente decoradas e um cofre ornamentado que cobre toda a passagem.
Como o antigo córrego canalizado Arroyo Tercero del Medio percorre a área, foi necessário que as fundações do edifício contemplassem a passagem do curso de água. Assim, do porão do Palácio Barolo é possível ouvir o barulho do rio passando pelas tubulações.
Desde 2015, todas as noites em Outubro, o vidro do Farol Palacio Barolo é envolto por uma “máscara” para que sua luz seja “tingida” de rosa e lembre a população da importância da conscientização e prevenção do câncer de mama. Esta ação de iluminação sanitária é patrocinada pela Liga Argentina de Combate ao Câncer e é organizada pela empresa pioneira na geração de visitas guiadas ao edifício, Palacio Barolo Tours.
No último quarteirão da Avenida de Mayo, antes de chegar na Plaza del Congreso, temos a calçada ao lado direito muito bem preservada, com edifícios de fachadas agradáveis pertencendo principalmente a estilos do início do século XIX.
Já a calçada oposta, do lado esquerdo de quem desce a avenida, é totalmente ocupada pelo monumental edifício de cúpulas vermelhas chamado La Inmobiliaria, anteriormente conhecido como Palácio Heinlein, e que é um edifício de estilo neo-renascentista, ao qual se somam aos elementos do art-nouveau, uma arcada italianizada e posições neoclassicistas, compondo assim uma fachada muito rica e que certamente atraíra as atenções dos turistas que por ali passam.
Palácio Barolo
A construção na época foi uma grande inovação com um estilo eclético peculiar, cultivado pelo próprio Palanti, remanescente da arte gótica e especialmente da arte islâmica na Índia. Todos os materiais decorativos foram importados, como o mármore de Carrara usado para os revestimentos.
Além das decorações e ornamentações arquitetônicas de encher os olhos, as vistas do Palácio Barolo são admiráveis e suas varandas de 360 graus ao redor do edifício oferecem vistas panorâmicas únicas e inesquecíveis.
Foi inaugurado em 7 de julho de 1923 e até 1930 era o mais alto da cidade e da América do Sul, com aproximadamente 100 m de altura e 18 andares, o que foi permitido por uma exceção à portaria regulamentadora realizada para esse fim. Em 1997, este edifício foi declarado Monumento Histórico Nacional e atualmente destina-se somente a escritórios das mais variadas profissões, como arquitetos, contadores, advogados, TI e produtores audiovisuais, agências de turismo, entre outros. Só por curiosidade, seu proprietário tinha em mente construí-lo para usar três andares e depois alugar o restante que hoje contabilizam mais de 300 escritórios.
Hall de Entrada do Palácio Barolo
O Farol
O térreo é atravessado longitudinalmente por uma passagem que liga a Avenida de Mayo à Calle Hipólito Yrigoyen, com instalações comerciais finamente decoradas e um cofre ornamentado que cobre toda a passagem.
Como o antigo córrego canalizado Arroyo Tercero del Medio percorre a área, foi necessário que as fundações do edifício contemplassem a passagem do curso de água. Assim, do porão do Palácio Barolo é possível ouvir o barulho do rio passando pelas tubulações.
Desde 2015, todas as noites em Outubro, o vidro do Farol Palacio Barolo é envolto por uma “máscara” para que sua luz seja “tingida” de rosa e lembre a população da importância da conscientização e prevenção do câncer de mama. Esta ação de iluminação sanitária é patrocinada pela Liga Argentina de Combate ao Câncer e é organizada pela empresa pioneira na geração de visitas guiadas ao edifício, Palacio Barolo Tours.
No último quarteirão da Avenida de Mayo, antes de chegar na Plaza del Congreso, temos a calçada ao lado direito muito bem preservada, com edifícios de fachadas agradáveis pertencendo principalmente a estilos do início do século XIX.
Já a calçada oposta, do lado esquerdo de quem desce a avenida, é totalmente ocupada pelo monumental edifício de cúpulas vermelhas chamado La Inmobiliaria, anteriormente conhecido como Palácio Heinlein, e que é um edifício de estilo neo-renascentista, ao qual se somam aos elementos do art-nouveau, uma arcada italianizada e posições neoclassicistas, compondo assim uma fachada muito rica e que certamente atraíra as atenções dos turistas que por ali passam.
A história do edifício está ligada à Companhia de Seguros La Inmobiliaria, fundada por Antonio Devoto em 1893, e foi a primeira empresa de seguros gerais, de vida, acidente, incêndio, etc, da capital argentina. Sua primeira sede ficava no centro financeiro de Buenos Aires.
Com vistas ao Centenário da Revolução de Maio, no final de 1908, a empresa decidiu construir um colossal prédio de aluguel e instalações comerciais na importante Avenida de Mayo, e com uma fachada na avenida que ocuparia um quarteirão inteiro.
Para finalizar o projeto foi contratado o arquiteto italiano Luigi Broggi, e em 29 de janeiro de 1909 o jornal La Prensa publicou os planos do edifício em construção, que foi inaugurado em 25 de maio de 1910, no meio das celebrações do centenário.
A Companhia de Seguros La Inmobiliaria foi instalada no primeiro andar do novo prédio e o térreo foi adquirido por Guillermo Heinlein, que usou para acomodar as instalações de sua empresa de louças sanitárias, a primeira a importar banheiros com um sifão. Por esse motivo, o edifício era conhecido popularmente como Palácio Heinlein.
Fachada do Edifício La Inmobiliaria
Outra das lojas do térreo, no meio do quarteirão, abrigava a Cervecería Berna, que em 1928 foi instalada nas dependências da esquina da Avenida de Mayo e da Calle Luis Sáenz Peña. Devido ao sucesso do empreendimento e principalmente por causa das mesas instaladas na calçada sempre lotada, aquele pedacinho da Avenida de Mayo tornou-se um problema para os pedestres que invariavelmente tinham que contornar pela rua para poder passar, causando sempre algum tipo de tumulto.
Lá, seu fundador, o espanhol Daniel Calzado, obteve sucesso com seu sanduíche "Berna" de filé mignon com anchovas. Alguns de seus clientes históricos foram o jornalista de Madrid, Manuel Fontdevilla, e o poeta Carlos de la Púa, do Diario Crítica da década de 1930. Infelizmente a cervejaria fechou no final do século XX.
Com o passar das décadas, o edifício estava perdendo molduras em suas fachadas, de tal maneira que, nos anos 30, os ornamentos, a crista do telhado e outros detalhes já haviam desaparecido. Em 1968, uma das cúpulas foi restaurada. Em 9 de junho de 1994, uma tempestade destruiu a outra cúpula, que teve que ser desmontada para restauração completa três semanas depois. Um estudo dos ferros que montaram sua estrutura mostrou que o nível de deterioração da estrutura era tal que o incidente poderia ter ocorrido até uma década antes.
Originalmente, as cúpulas eram cobertas por ardósia, exibindo a cor cinza escura do referido material, mas durante a restauração realizada em 1968, uma deles perdeu a cobertura de ardósia e foi pintado em cor de tijolo. Assim, as duas cúpulas eram de cores diferentes, até que, com a restauração realizada após o colapso da segunda cúpula em 1994, as duas foram finalmente pintadas como são vistas hoje.
Atualmente, o edifício é ocupado por uma agência do Banco Nación, pelo Instituto de Pesquisa em História Jurídica e várias instalações comerciais, escritórios e residências. Como um património histórico da cidade, tem um grau de proteção histórica e cultural e após anos de negligência, as molduras da fachada e inúmeros destacamentos começaram a ser remodeladas em 2012.
No andar mais alto, ficam localizadas as estátuas dos deuses gregos Vênus e Apolo que decoram as esquinas do edifício e seu corpo central em oito nichos, enquanto a frente da avenida possui galerias apoiadas por colunas e arcos semicirculares, características da arquitetura italiana, e decorado em suas paredes com sgraffito que hoje se encontram muito deterioradas, vítimas de umidade, e os poucos fragmentos que restaram foram pintados pelos proprietários, deteriorando-os e distorcendo-os.
Com o passar das décadas, o edifício estava perdendo molduras em suas fachadas, de tal maneira que, nos anos 30, os ornamentos, a crista do telhado e outros detalhes já haviam desaparecido. Em 1968, uma das cúpulas foi restaurada. Em 9 de junho de 1994, uma tempestade destruiu a outra cúpula, que teve que ser desmontada para restauração completa três semanas depois. Um estudo dos ferros que montaram sua estrutura mostrou que o nível de deterioração da estrutura era tal que o incidente poderia ter ocorrido até uma década antes.
Originalmente, as cúpulas eram cobertas por ardósia, exibindo a cor cinza escura do referido material, mas durante a restauração realizada em 1968, uma deles perdeu a cobertura de ardósia e foi pintado em cor de tijolo. Assim, as duas cúpulas eram de cores diferentes, até que, com a restauração realizada após o colapso da segunda cúpula em 1994, as duas foram finalmente pintadas como são vistas hoje.
Atualmente, o edifício é ocupado por uma agência do Banco Nación, pelo Instituto de Pesquisa em História Jurídica e várias instalações comerciais, escritórios e residências. Como um património histórico da cidade, tem um grau de proteção histórica e cultural e após anos de negligência, as molduras da fachada e inúmeros destacamentos começaram a ser remodeladas em 2012.
No andar mais alto, ficam localizadas as estátuas dos deuses gregos Vênus e Apolo que decoram as esquinas do edifício e seu corpo central em oito nichos, enquanto a frente da avenida possui galerias apoiadas por colunas e arcos semicirculares, características da arquitetura italiana, e decorado em suas paredes com sgraffito que hoje se encontram muito deterioradas, vítimas de umidade, e os poucos fragmentos que restaram foram pintados pelos proprietários, deteriorando-os e distorcendo-os.
As estátuas
Quanto à distribuição interna, "La Inmobiliaria" possui 4 entradas ao longo da Avenida de Mayo, cada uma levando a um pequeno salão com elevador de gaiola e uma escada, de modo que, na realidade, o edifício atua como um conjunto de blocos independentes. Nos andares superiores, cada elevador dá acesso aos dois apartamentos que cada bloco possui por andar, sendo os dois nos cantos os mais privilegiados por ter todos os quartos voltados para a Avenida.
A avenida culmina em um caminho curvo de alguns metros entre as Plaza del Congreso, Plaza Lorea e Plaza Mariano Moreno, mas geralmente as pessoas referem-se a elas como uma só praça, usando o nome da primeira.A história da Plaza Lorea conta que em 1782, Isidro Lorea, um famoso e muito próspero marceneiro de origem espanhola, comprou um terreno de dois hectares para a construção de uma quinta para a família e, antes de morrer, durante as invasões inglesas em 1807, doou um terreno de 61 x 122 metros ao governo portenho para a construção de uma praça que serviria de parada para as carroças que vinham do Caminho de las Tunas. Sua única condição era que esta praça levasse seu nome, que foi concedido pelo vice-rei Rafael de Sobremonte em 1808.
Até 1871, grande parte da área que corresponde à Plaza Lorea e à atual Plaza del Congreso era naturalmente ocupada por uma lagoa rasa formada pelo riacho de Matorras ou "Tercero del Medio", a uma curta distância de suas fontes de água no Hueco de los Olivos, localização atual do prédio do Congresso Nacional.
A Plaza Lorea
A segunda praça, a Plaza Mariano Moreno, é uma belíssima praça com uma pequena lagoa no centro e várias fontes espalhadas, e de onde se tem um dos melhores ângulos para se fotografar o Palácio do Congresso. Além de seus belos canteiros paisagísticos, é onde se encontra o Monolito do Quilômetro Zero, um grande monolito branco que representa o quilômetro zero do país. A contagem de todas as rodovias da Argentina começa a partir desse ponto.
A Plaza Mariano Moreno
Nela se encontra também uma réplica de bronze do monumento O Pensador, feita a partir do molde original e assinada por seu criador, o escultor francês Auguste Rodin. A escultura, inaugurada em novembro de 1907, é toda feita em bronze patinado e representa um homem em uma atitude pensativa.
Encontra-se também obviamente, o Monumento a Mariano Moreno, que era um importante advogado, jornalista, político e um dos principais ideólogos e promotores da Revolução de Maio.
A construção dessas praças foi uma criação urbana em torno das comemorações do centenário da Revolução de Maio e respondeu ao pensamento do final do século XIX, que procurava, com razão, lugares ensolarados e arejados nas grandes cidades.
Vista aérea da Plaza Del Congreso
O projeto escolhido foi o de Thays e respeitou uma petição assinada pelos moradores em 1893 pedindo que a Plaza Lorea não fosse mutilada. Em 1909, havia um caminho pelas praças em direção ao Palácio do Congresso, seguindo o layout da Avenida de Mayo, com as colunas de iluminação do layout original da avenida que ainda não haviam sido removidas.
A obra foi concluída em janeiro de 1910 e foi determinada por uma praça Lorea dividida em duas, com esculturas e jardins em estilo francês, uma praça intermediária com um lago e um monumento a ser erguido, que acabaria sendo uma réplica do molde original e assinado por El Pensador, e uma grande praça cívica com piscina central e camas de pedra em ambos os lados.
A cerimônia de abertura foi realizada pelo prefeito Manuel Güiraldes, seguida por um desfile militar que foi realizado entre a Casa Rosada e o Palácio do Congresso, com a presença de várias autoridades mundiais.
O desenho original das praças foi mantido até 1968, quando uma mão única foi estabelecida. Foi construída uma curva que une a Avenida de Mayo à Avenida Rivadavia e estabeleceu-se as seguintes divisões: o setor norte da Plaza Lorea manteria o nome de Plaza Lorea, o setor sul da praça antiga seria renomeado para Plaza Mariano Moreno e a Plaza del Congreso abrangeria desde Plaza Mariano Moreno até a Calle Entre Rios, em frente ao Palácio do Congreso.
Em 1997, a Plaza del Congreso, a Plaza Lorea e seus arredores imediatos, e a Plaza Mariano Moreno foram declaradas Patrimônio Histórico Nacional.
Em todas as três praças existem vários outros monumentos como o belíssimo Monumento a los dos Congresos, feito de pedra da cidade francesa de Nancy e suas figuras são de bronze patinado. Obra dos belgas Eugenio D'Huique e Jules Lagae, foi inaugurada em 9 de julho de 1914. A escultura principal simboliza a República e é feita de bronze escuro. Destaca-se que na mão direita da escultura existe um ramo de louro que simboliza a "Gloria" e ao lado um arado representa o "Trabalho". Duas figuras femininas evocam a Assembléia de 1813 e o Congresso de Tucumán em 1816, quando a Independência Nacional foi declarada.
A plataforma é cercada por uma fonte cujos jatos d'água costumam ser iluminados à noite, incluindo esculturas de cavalos cercados por condores de bronze e grupos de crianças representando a Paz. A fonte que se estende à frente representa o Rio da Prata, quatro degraus acima, há outra lagoa com duas figuras de bronze, representando os afluentes do rio, o rio Uruguai e o rio Paraná. O lago é cercado por esculturas de animais da fauna nacional e no centro há um conjunto escultural construído em bronze.
Monumento a los Dos Congressos
Há também várias outras estátuas espalhadas, como o Monumento de Ricardo Balbín, influente político e advogado argentino, feito pelo escultor Raúl Cano, está localizado na Plaza del Congreso e foi inaugurado em 9 de setembro de 1999.
Ou o Monumento a José Manuel Estrada, célebre professor, escritor, político, intelectual e eminente orador argentino, localizado na Plaza Lorea e produzido por Héctor Rocha, foi inaugurado em 9 de novembro de 1947.
Ou ainda o Monumento a Alfredo Palacios, político socialista argentino, localizado a poucos metros de El Pensador, que foi inaugurado em 16 de maio de 2013.
No início de 2006, iniciou-se um processo de restauração da praça. As melhorias incluíram reparar as calçadas e adicionar espaços para recreação infantil e um canil para impedir que os passeadores de cães usem o resto da praça. O Monumento a los dos Congressos foi totalmente restaurado, recuperando sua fonte, restaurando as peças de bronze roubadas e limpando toda a superfície pichada. Atualmente, o monumento é cercado por uma cerca de perímetro de três metros de altura que impede os manifestantes de vandalizar a estrutura.
Ao redor da Plaza del Congreso ficam vários edifícios que merecem menção por suas características arquitetônicas ou importância histórica.
Um dos mais marcante de todos é o edifício da Confeitaria del Molino, que foi uma das mais famosas confeitarias da época, além de ser também um misto de padaria, bar e restaurante, e ficava localizada ao lado do edifício do Congreso Nacional, na esquina da Avenida Rivadavia.
Um dos mais marcante de todos é o edifício da Confeitaria del Molino, que foi uma das mais famosas confeitarias da época, além de ser também um misto de padaria, bar e restaurante, e ficava localizada ao lado do edifício do Congreso Nacional, na esquina da Avenida Rivadavia.
Por volta de 1850, Constantino Rossi e Cayetano Brenna, este último prestigiado chef italiano de confeitaria especializado na fabricação de pães doces, eram os proprietários da chamada Confitería del Centro, em outro endereço. Em fevereiro de 1905, a confeitaria começou a operar em um novo local em frente ao Congreso Nacional. Mas em 1910, a construção da Plaza del Congreso havia terminado e Brenna precisava de um novo prédio para unificar suas instalações. Ele solicitou ao arquiteto Francisco Gianotti um projeto que fundiria as diferentes propriedades em um único complexo, com a exigência de que as obras não interrompessem o atendimento ao cliente. O trabalho está entre os mais notáveis de seu tempo pela qualidade dos materiais utilizados, muitos deles importados. Destacam-se os revestimentos de mármore das colunas, pilastras e painéis do interior das instalações de grande riqueza e suntuosidade, além de algumas obras de arte trazidas especialmente da Itália que dão um caráter particularmente luxuoso às suas salas de estar.
Foi inaugurado em 9 de Julho de 1916 e fechou as portas em 1997. Várias iniciativas estão em andamento para reabri-lo, seja por expropriação, concessão ou exploração privada, já que atualmente as instalações onde a empresa operava e o edifício de vários andares estão desabitados no momento. O complexo arquitetônico foi declarado Monumento Histórico Nacional também em 1997. E em outubro de 2010, um parecer favorável à desapropriação foi apresentado na comissão de cultura da Câmara dos Deputados, visando declarar o edifício de utilidade pública e sujeito a expropriação, por seu valor histórico e cultural. Assim, o edifício seria reaberto como confeitaria, dedicaria os andares superiores a atividades culturais e passaria a fazer parte do chamado "Projeto do Bloco Legislativo".
Detalhe da Fachada
Para construir esse valioso expoente da Art Nouveau e de vanguarda da Belle Époque, Gianotti importou todos os materiais da Itália: portas, janelas, mármore, puxadores de bronze, cerâmica, vidro e mais de 150 metros quadrados de vitrais. Sua fachada tem um desenvolvimento simétrico e é revestida com pedra de Paris. Sua ornamentação de fantasia se destaca, com uma relevante influência veneziana. O edifício possui mosaicos opalinos, capitéis de bronze e cerâmica de ouro na mansarda. As lâminas de um moinho chique ainda podem ser vistas na frente e logo acima fica a imponente cúpula da torre, que foi fechada com os vitrais coloridos Art Noveau.
Algumas das iguarias mais famosas, com as quais a confeitaria encantava seus clientes, eram merengue, panetone de castanha, marrom glacê e a sobremesa imperial russa, curiosamente conhecida na Europa como "sobremesa argentina".
Ao lado do Edificio de la Confiteria Molino fica o Anexo "A" da Câmara dos Deputados que além de abrigar os escritórios de inúmeros funcionários públicos e um auditório para eventos, destaca-se por sua grande fachada espelhada na qual se reflete a silhueta do Congreso Nacional.
Em 1966, um concurso de arquitetura foi convocado para o projeto de um Edifício Anexo da Câmara dos Deputados, que ocuparia um lote generoso na esquina da Avenida Rivadavia e Riobamba. Foi escolhida a proposta moderna de um jovem estúdio de arquitetos mas naquele ano um golpe militar derrubou o presidente Arturo Illia e o trabalho só começou alguns anos mais tarde.
Naquela época a arquitetura do Movimento Moderno já dominava o mundo e a Argentina já havia se integrado totalmente à sua visão. A idéia dos arquitetos definia um térreo aberto e de livre acesso para a passagem de pedestres e a partir dessa base que ocupa toda a terra, emergiriam os três blocos de escritórios e o revestimento do edifício seria todo feito como uma parede de cortina de vidro espelhado.
Desde 2002 há cercas de metal anti-vandalismo instaladas permanentemente após os protestos sociais da crise de 2001, restringindo a entrada e isolamento do edifício. Esta praça coberta que leva à entrada principal é decorada com um mural e mostra placas lembrando a última ditadura militar e o tempo que levou para a habilitação deste edifício anexo.
Já na Avenida Hipolito Yrigoyen ficam localizados outros pontos turísticos de elevada importância cultural, social e política.
Na esquina oposta ao Palacio del Congreso fica o Edifício Senador Alfredo L. Palacios que faz parte da Biblioteca del Congreso da Nacion Argentina (BCN).
Em 1917, a Biblioteca do Congreso iniciou um forte processo de mudança, deixando para trás seu caráter exclusivamente parlamentar e tornou-se uma biblioteca pública aberta à comunidade: inaugurando neste edifício a primeira Sala de Leitura Pública do Palácio do Congreso. O grande salão principal caracteriza-se por ter uma altura dupla com uma galeria no segundo andar, com varandas em direção ao centro da sala de leitura, delimitada por uma grade de ferro e madeira robusta.
Em 1930, o senador socialista Alfredo Palacios assumiu a presidência da Biblioteca e durante sua gestão, a Biblioteca manteve seu objetivo de crescimento, profissionalização e abertura à população, sendo que em 1933 foi aprovado o Registro Nacional da Lei de Propriedade Intelectual, em vigor até hoje, que estabelece que o BCN deve receber uma cópia de cada trabalho publicado na Argentina, conhecido como Depósito Legal, assim sendo eles têm pelo menos uma cópia de cada livro publicado na Argentina.
No início dos anos 90, o horário de funcionamento foi estendido para 24 horas por dia, tornando a Biblioteca do Congreso Argentino uma das poucas no mundo a manter suas salas de consulta abertas durante todo o dia. Apesar de a Biblioteca do Congreso estar aberta a todos os públicos, a sala de leitura só pode ser visitada através de visitas guiadas.
Em 1994, a Biblioteca abriu a Sala Multimídia, equipada com computadores com acesso gratuito à Internet para os usuários. Assim, em 2001, o BCN recebeu a distinção concedida pela Fundação Bill e Melinda Gates por mérito pelos serviços gratuitos que presta à comunidade durante as 24 horas e por seu trabalho para expandir o acesso à informação.
Em 2002, a Biblioteca incorporou o Bibliomóvil (Biblioteca Móvel Multimodal) com o objetivo de incentivar a leitura e o intercâmbio cultural entre as províncias argentinas e o Congreso Nacional. Há também um Espaço Cultural que realiza exposições de arte, ciclos de cinema, teatro, música, conferências e seminários, encontros de leitura e narração, visitas guiadas para escolas e muitas outras atividades.
Um pouco mais adiante fica a sede da Associacion Madres de la Plaza de Mayo, uma associação argentina de mães que tiveram seus filhos assassinados ou desaparecidos durante o terrorismo de Estado da ditadura militar, que governou o país entre 1976 e 1983. Elas se organizaram tentando descobrir o que ocorreu com seus filhos e começaram a fazer passeatas em 1977 na Praça de Maio, em Buenos Aires, em frente a Casa Rosada, a sede do governo argentino, em desafio público ao terrorismo de Estado do governo, destinado a silenciar toda a oposição política. Vestindo lenços brancos na cabeça para simbolizar as fraldas de seus filhos perdidos, as mães marcharam em solidariedade para protestar contra as atrocidades cometidas pelo regime militar. Elas responsabilizaram o governo pelas violações de direitos humanos que eles cometeram durante o período em que estiveram no poder.
Seu legado e progresso subseqüente foram bem sucedidos devido à sua organização de grupo sustentada, uso de símbolos e slogans, e protestos semanais silenciosos. Hoje, as mães estão engajadas na luta pelos direitos humanos, políticos e civis na América Latina e em outros lugares.
O governo militar considerou essas mulheres politicamente subversivas; a fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, juntamente com as freiras francesas Alice Domon e Léonie Duquet que apoiaram o movimento, foram sequestradas, torturadas e assassinadas pelo governo militar por ordem de Alfredo Astiz, ex-comandante naval da Marinha Argentina e Jorge Rafael Videla, ex-comandante sênior do Exército Argentino e ditador da Argentina entre 1976 e 1981, ambos condenados à prisão perpétua por seus papéis na repressão das Mães da Praça de Maio e outros dissidentes durante a Guerra Suja.
A partir de 1984, equipes assistidas pela geneticista americana Mary-Claire King começaram a usar testes de DNA para identificar restos mortais, quando corpos dos "desaparecidos" foram encontrados. O governo conduziu uma comissão nacional para coletar depoimentos sobre os "desaparecidos", ouvindo centenas de testemunhas. Em 1985, iniciou o julgamento de homens acusados de crimes, começando com o Julgamento das Juntas, no qual vários oficiais militares de alta patente foram condenados e sentenciados. Os militares ameaçaram um golpe para impedir o alargamento dos processos.
Em 1986, o Congresso aprovou a Lei de Ponto Final, que parou os processos por alguns anos. Durante o governo de Cristina Kirchner, o processo de crimes de guerra foi reaberto. Ex-militares e oficiais de segurança de alto escalão foram condenados e sentenciados em novos casos. Entre as acusações está o roubo de bebês dos desaparecidos. A maioria dos membros da Junta foram presos por crimes contra a humanidade.
Além disso, juntamente com as Avós da Praça de Maio, as Mães identificaram 256 crianças desaparecidas que foram adotadas logo após o nascimento, e suas mães que estavam em prisões ou acampamentos "desapareceram". Sete das crianças identificadas morreram. No início de 2018, 137 dessas crianças, agora adultas, foram encontradas e conheceram suas famílias biológicas, e reconstruíram suas ligações. Mas todas essas ações eventualmente traziam resultados dolorosos, como os pais adotivos serem julgados no tribunal por terem se "apropriado" dos filhos dos desaparecidos ou mães e avós sujeitas a desilusões, pois às vezes os filhos e netos, agora adultos, não queriam saber sua história ou se recusavam a ser testados.
E como diria um GPS, chegamos ao nosso destino: o Palácio del Congreso de la Nación Argentina, o edifício onde o Congresso Argentino realiza suas atividades. É considerado um dos maiores congressos do mundo com seus 12.079,6 m² de superfície. Ahhh e só para esclarecer, ao longo do texto quando me refiro ao Congreso Nacional Argentino escrevo com um "s" só, como é a grafia correta na Argentina.Desde 2002 há cercas de metal anti-vandalismo instaladas permanentemente após os protestos sociais da crise de 2001, restringindo a entrada e isolamento do edifício. Esta praça coberta que leva à entrada principal é decorada com um mural e mostra placas lembrando a última ditadura militar e o tempo que levou para a habilitação deste edifício anexo.
Já na Avenida Hipolito Yrigoyen ficam localizados outros pontos turísticos de elevada importância cultural, social e política.
Na esquina oposta ao Palacio del Congreso fica o Edifício Senador Alfredo L. Palacios que faz parte da Biblioteca del Congreso da Nacion Argentina (BCN).
Em 1917, a Biblioteca do Congreso iniciou um forte processo de mudança, deixando para trás seu caráter exclusivamente parlamentar e tornou-se uma biblioteca pública aberta à comunidade: inaugurando neste edifício a primeira Sala de Leitura Pública do Palácio do Congreso. O grande salão principal caracteriza-se por ter uma altura dupla com uma galeria no segundo andar, com varandas em direção ao centro da sala de leitura, delimitada por uma grade de ferro e madeira robusta.
Em 1930, o senador socialista Alfredo Palacios assumiu a presidência da Biblioteca e durante sua gestão, a Biblioteca manteve seu objetivo de crescimento, profissionalização e abertura à população, sendo que em 1933 foi aprovado o Registro Nacional da Lei de Propriedade Intelectual, em vigor até hoje, que estabelece que o BCN deve receber uma cópia de cada trabalho publicado na Argentina, conhecido como Depósito Legal, assim sendo eles têm pelo menos uma cópia de cada livro publicado na Argentina.
No início dos anos 90, o horário de funcionamento foi estendido para 24 horas por dia, tornando a Biblioteca do Congreso Argentino uma das poucas no mundo a manter suas salas de consulta abertas durante todo o dia. Apesar de a Biblioteca do Congreso estar aberta a todos os públicos, a sala de leitura só pode ser visitada através de visitas guiadas.
Em 1994, a Biblioteca abriu a Sala Multimídia, equipada com computadores com acesso gratuito à Internet para os usuários. Assim, em 2001, o BCN recebeu a distinção concedida pela Fundação Bill e Melinda Gates por mérito pelos serviços gratuitos que presta à comunidade durante as 24 horas e por seu trabalho para expandir o acesso à informação.
Em 2002, a Biblioteca incorporou o Bibliomóvil (Biblioteca Móvel Multimodal) com o objetivo de incentivar a leitura e o intercâmbio cultural entre as províncias argentinas e o Congreso Nacional. Há também um Espaço Cultural que realiza exposições de arte, ciclos de cinema, teatro, música, conferências e seminários, encontros de leitura e narração, visitas guiadas para escolas e muitas outras atividades.
Um pouco mais adiante fica a sede da Associacion Madres de la Plaza de Mayo, uma associação argentina de mães que tiveram seus filhos assassinados ou desaparecidos durante o terrorismo de Estado da ditadura militar, que governou o país entre 1976 e 1983. Elas se organizaram tentando descobrir o que ocorreu com seus filhos e começaram a fazer passeatas em 1977 na Praça de Maio, em Buenos Aires, em frente a Casa Rosada, a sede do governo argentino, em desafio público ao terrorismo de Estado do governo, destinado a silenciar toda a oposição política. Vestindo lenços brancos na cabeça para simbolizar as fraldas de seus filhos perdidos, as mães marcharam em solidariedade para protestar contra as atrocidades cometidas pelo regime militar. Elas responsabilizaram o governo pelas violações de direitos humanos que eles cometeram durante o período em que estiveram no poder.
Seu legado e progresso subseqüente foram bem sucedidos devido à sua organização de grupo sustentada, uso de símbolos e slogans, e protestos semanais silenciosos. Hoje, as mães estão engajadas na luta pelos direitos humanos, políticos e civis na América Latina e em outros lugares.
O governo militar considerou essas mulheres politicamente subversivas; a fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, juntamente com as freiras francesas Alice Domon e Léonie Duquet que apoiaram o movimento, foram sequestradas, torturadas e assassinadas pelo governo militar por ordem de Alfredo Astiz, ex-comandante naval da Marinha Argentina e Jorge Rafael Videla, ex-comandante sênior do Exército Argentino e ditador da Argentina entre 1976 e 1981, ambos condenados à prisão perpétua por seus papéis na repressão das Mães da Praça de Maio e outros dissidentes durante a Guerra Suja.
A partir de 1984, equipes assistidas pela geneticista americana Mary-Claire King começaram a usar testes de DNA para identificar restos mortais, quando corpos dos "desaparecidos" foram encontrados. O governo conduziu uma comissão nacional para coletar depoimentos sobre os "desaparecidos", ouvindo centenas de testemunhas. Em 1985, iniciou o julgamento de homens acusados de crimes, começando com o Julgamento das Juntas, no qual vários oficiais militares de alta patente foram condenados e sentenciados. Os militares ameaçaram um golpe para impedir o alargamento dos processos.
Fotos das Mães da Plaza de Mayo
Em 1986, o Congresso aprovou a Lei de Ponto Final, que parou os processos por alguns anos. Durante o governo de Cristina Kirchner, o processo de crimes de guerra foi reaberto. Ex-militares e oficiais de segurança de alto escalão foram condenados e sentenciados em novos casos. Entre as acusações está o roubo de bebês dos desaparecidos. A maioria dos membros da Junta foram presos por crimes contra a humanidade.
Além disso, juntamente com as Avós da Praça de Maio, as Mães identificaram 256 crianças desaparecidas que foram adotadas logo após o nascimento, e suas mães que estavam em prisões ou acampamentos "desapareceram". Sete das crianças identificadas morreram. No início de 2018, 137 dessas crianças, agora adultas, foram encontradas e conheceram suas famílias biológicas, e reconstruíram suas ligações. Mas todas essas ações eventualmente traziam resultados dolorosos, como os pais adotivos serem julgados no tribunal por terem se "apropriado" dos filhos dos desaparecidos ou mães e avós sujeitas a desilusões, pois às vezes os filhos e netos, agora adultos, não queriam saber sua história ou se recusavam a ser testados.
Durante o período em que a República Argentina se uniu à capital Buenos Aires, em 1862, o Presidente Bartolomé Mitre encomendou ao arquiteto Jonás Larguía a construção da sede do Congreso Nacional. O primeiro edifício foi inaugurado em 1864 e estava localizado em outro endereço.
Em 1889 o presidente Juárez Celman enviou ao Congreso de la Nacion um projeto de lei que propunha como locação para um novo Palácio Legislativo o quarteirão que passava pelas Ruas Entre Ríos, Combate de los Pozos, Victoria (hoje Yrigoyen) e Rivadavia, frente à necessidade de assinar ao Poder Legislativo uma sede definitiva. A eleição do lugar implicava delinear um eixo cívico entorno da Avenida de Mayo, em cujos extremos se situariam o poder executivo representado pela Casa Rosada e o Cabildo Histórico em uma ponta, e o poder legislativo, representado pelo Congreso Nacional, na ponta oposta.
A construção deste palácio começou em 1898, conforme o design do arquiteto Víctor Meano, responsável pelo projeto vencedor. O escultor Jules Dormal, um dos construtores do Teatro Colón junto com Meano, completou a obra, respeitando o projeto original. O edifício foi inaugurado em 1906, porém as obras estavam longe de serem concluídas, continuando nos anos seguintes as obras de instalações sanitárias, decoração e revestimento de pedras. Somente foi terminado 40 anos mais tarde. O orçamento para sua construção passou de quase 6 milhões de pesos em moeda nacional em 1897, e chegou a alcançar os 31,4 milhões em 1914, por esse motivo foi batizado por alguns jornalistas como o Palácio de Ouro.
O estilo da obra é um ecletismo greco-romano, dentro do acadêmico italiano do final do século XIX, do autor Vittorio Meano. O edifício se destaca por sua cúpula, que atinge 80 metros de altura e o transformou no edifício mais alto da Argentina no momento de sua construção, o que representou um grande feito de engenharia, uma vez que a estrutura do edifício tinha que suportar 30.000 pessoas.
Foto da Fachada
Inicialmente, nas laterais dos degraus da entrada principal havia dois grupos de esculturas da artista Lola Mora, simbolizando Liberdade, Progresso, Paz e Justiça, mas as figuras nuas foram criticadas e removidas em 1916, no meio da investigação sobre as sobretaxas no trabalho.
Com a remoção, elas foram doadas para a prefeitura da cidade de Jujuy, no noroeste da Argentina e somente em 2012, em uma iniciativa do Governo de Buenos Aires resolveu-se tentar a recuperação das estátuas projetadas por Lola Mora para coroar a entrada no Congreso. Mas o governo de Jujuy reafirmou a propriedade das estátuas de Mora, de tal forma que o Congreso Nacional teve que fazer um acordo e assinou um tratado para a restauração dos originais e a criação de duas cópias de cada obra por meio de um mapeamento em 3D, iniciado em janeiro de 2013. Os originais sofreram a deterioração causada por cem anos de exposição ao ar livre, portanto hoje são mantidos em um espaço fechado e adequado, enquanto um conjunto de cópias foi deixado em Jujuy e o outro conjunto foi colocado em seus espaços originais no Palácio do Congreso Nacional.
Na fachada, o frontão triangular tem um telhado de duas águas, que nas laterais tem esculturas de leões alados e, no topo, uma escultura de pedra com o brasão nacional.
Atrás do frontão existe uma plataforma ornamentada, de largura igual ao frontão e com um lado de 15 metros. Nesta plataforma está a Quadriga, uma obra de bronze com 8 metros de altura e 20 toneladas de peso, feita pelo escultor Víctor de Pol. A carruagem é puxada por 4 cavalos, simbolizando a República Triunfante e é conduzida pela Vitória Alada.
A cúpula tem uma cobertura de cobre, mas a passagem do tempo e a umidade são o que lhe confere uma cor esverdeada. A cúpula termina em uma coroa decorada com figuras quiméricas, com 80 metros de altura, das quais brota um pára-raios.
A iluminação da cúpula foi instalada apenas em 1930. As obras foram definitivamente concluídas apenas em 1946, com o revestimento de pedra da rotatória na rua Combate de los Pozos. Os porteños criaram o hábito de dizer, quando um prédio estava demorando muito para ser construído, que demorava tanto quanto o do Congresso.
A entrada principal, chamada Entrada de Honra, é usada somente quando o Presidente da Nação comparece ou quando há alguma visita de Estado. Já o acesso dos Deputados Nacionais está localizado na Avenida Rivadavia e o acesso dos Senadores fica na Avenida Hipolito Yrigoyen.
A Entrada de Honra está localizada no centro de um átrio, decorado com seis colunas coríntias, que sustentam um frontão triangular, e a porta é guardada por duas cariátides de mármore.
Para facilitar um pouco o entendimento das localizações das diversas salas e principais estruturas do Palacio del Congreso, dê uma olhada na planta abaixo, que vai ser muito útil para se localizar...
Planta das salas do Palacio del Congreso
Em seguida fica o Salon de las Provincias, é assim que o Grande Hall é conhecido. Contém todas as bandeiras das províncias argentinas. No teto, um imenso vitral que representa o progresso econômico da Argentina. Agricultura, indústria e mineração são representadas no vitral. O Salão Provincial é o grande salão que é acessado pela entrada principal, na Avenida Entre Ríos e faz parte do acesso cerimonial ao palácio.
Este monumental salão de altura dupla possui quatro enormes colunas laterais, cada uma feita de uma única peça de mármore.
O interior do Congreso Nacional é um exemplo de opulência e beleza arquitetônica, e alguns recintos e salões merecem atenção especial, onde se destacam a Câmara dos Deputados, a Câmara dos Senadores, o Salão Eva Perón, a Biblioteca do Congreso, entre outros.
A Câmara dos Senadores é uma sala semicircular onde a câmara superior se reúne. É mais ou menos simétrico à Câmara dos Deputados. O recinto é uma câmara composta por 72 bancos e dois andares de galerias para o público e a imprensa. Está decorado com cortinas roxas e tapetes em homenagem aos antigos legisladores romanos. Em frente aos bancos, está o estrado do presidente. Ao lado dele, sentam-se os secretários e vice-secretários, e mais abaixo está a mesa dos estenógrafos.
Já a Câmara dos Deputados é semelhante mas suas dimensões são muito maiores, pois abriga 257 cadeiras. Este gabinete inclui três andares com varandas ou galerias. No ambiente, predominam mármores de cores claras e colunas monumentais. Possui um grande vitral com o Brasão Nacional cercado por figuras alegóricas.
Senado
Câmara dos Deputados
A Sala Azul é toda coberta de mármores variados e tem uma planta octogonal, que sustenta a majestosa cúpula do Palácio, quatro pares de colunas de mármore que hierarquizam os acessos, um piso com mosaicos alemães decorados artisticamente, incluindo grandes nichos de mármore rosa com grandes vasos de bronze.
Acima, uma varanda circular revela os intrados da cúpula. Contém um círculo de bronze com 8 relevos baixos, com cenas da história nacional alternadas com estátuas que mantêm os brasões das 14 províncias tradicionais.
Do centro da cúpula da Sala Azul, do alto de seus 65 metros de altura, pendura-se um enorme lustre de bronze que pesa 2.054 quilos e mede 5,20 metros de altura e 2,90 metros de diâmetro. Foi feito para a Exposição da Indústria de 1910, com bronze que pertencia aos cartuchos do Arsenal de Guerra da Nação.
Sala Azul em noite de evento
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Outra sala que costuma fazer parte da Visita Guiada, é o Salão dos Passos Perdidos que funciona como prelúdio da Câmara dos Deputados. Devido ao seu tamanho, é usado para abrigar a imprensa durante sessões, atividades culturais e honras funerárias para personalidades culturais.
O nome curioso vem precisamente porque é um local em que os deputados vagavam, preparando seus discursos. No local, encontramos duas pinturas enormes: "Os constituintes de 53" e "O Presidente Roca inaugura o período legislativo de 1886".
O salão é coroado por um grande vitral com cinco panos com figuras alegóricas relacionadas ao programa Geração de 80: abundância, trabalho, ciência, guerra e artes.
Salão dos Passos Perdidos
Outra parte do Congreso Nacional que chama a atenção é a sala primaria da Biblioteca do Congreso da Nação, fundada em 1859 como uma biblioteca parlamentar para consulta dos legisladores.
Esta sala é toda revestida com madeira de nogueira doada pela Itália, esculpida e polida, desde as paredes, prateleiras e grades até o primeiro andar. Não perca o deslumbrante relógio francês no final da sala, que foi um presente da Infanta Isabel de Borbón para as comemorações do Centenário da Revolução de Maio de 1910. Como curiosidade, se você olhar, verá que seus números romanos têm uma peculiaridade, os 4 não aparecem como "IV", mas como "IIII"
Conhecida como a Sala de Leitura Oficial destinada à atenção dos membros do Poder Legislativo Nacional, sua coleção inclui obras de referência, obras de doutrina de conteúdo histórico e, especialmente, de natureza jurídica e política, códigos, decisões do Supremo Tribunal de Justiça da Nação, revistas de jurisprudência argentina, etc.
Sala de Leitura Oficial da Biblioteca do Congreso Nacional
O edifício, gravemente danificado pela falta de manutenção por décadas, foi restaurado por uma equipe chefiada pelo arquiteto Ramón Plaza entre 1994 e 2001. A recuperação das salas internas foi realizada em 2008, através de um Plano de Conservação e Recuperação de o Blue Dome-Hall, que começou a funcionar em janeiro de 2010 e durou um ano, sob a direção da Direção de Obras Públicas e Serviços do Senado.
Durante a crise de 2001 , protestos sociais maciços se tornaram diários em frente ao prédio, e uma cerca policial de metal foi fixada no perímetro do Congresso pelos anos seguintes, antecipando ataques de manifestações no palácio. Em 2009, o Governo da Cidade de Buenos Aires substituiu esta cerca por uma cerca artística que inclui as iniciais da instituição e uma placa de bronze com o Preâmbulo da Constituição Nacional.
Após esta primeira etapa da restauração, um projeto do Plano Diretor de Intervenções Prediais, foi lançado em 2012 com um ambicioso plano geral de obras para o Palácio do Congreso e o Edifício Anexo e os demais ramos do Poder Legislativo, com o objetivo de atualizar as instalações, incluindo a instalação de internet de fibra óptica e a restauração das Câmaras Legislativas.
No dia 28 de dezembro de 1993, o decreto 2676 do Poder Executivo Nacional declarou o Palácio do Congresso “Monumento Histórico e Artístico Nacional”.
O Palácio do Congreso Nacional nos dias de hoje, com sua grade de proteção
As visitas guiadas acontecem às segundas, terças, quintas e sextas-feiras;
Não é necessário reservar com antecedência, somente 15 minutos antes do início do passeio;Horário: 12:30 ou 17:00
O passeio dura entre 60 e 90 minutos
Acesso na Calle Hipólito Yrigoyen
A visita é em espanhol e inglês
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