| *** CALLE FLORIDA *** 5. Dia - Tarde |
Data: __ de ______ de 20__
É a mais famosa rua somente para pedestres de Buenos Aires, começando na Avenida Rivadavia e terminando na Plaza General San Martin. É reconhecida como a rua comercial mais importante da Argentina, continuando depois da Avenida Rivadavia com o nome de Calle Peru.
O início da história da Calle Florida remonta à fundação de Buenos Aires, quando representava um caminho primitivo que se erguia do rio.
Seu primeiro nome oficial foi Calle San José, dado pelo governador Miguel de Salcedo em 1734, mas já foi conhecida como Del Correo, Baltasar Unquera e Empedrado. Essa última nomenclatura se deve ao fato da rua ter sido pavimentada em 1789 com pedregulhos trazidos de Montevidéu, tornando-se a primeira rua pavimentada da cidade. Uma curiosidade: parte desse pavimento é exibido atrás da entrada da estação de metrô Catedral na Avenida Diagonal Norte.
Em 1821, recebeu o nome de Florida, recordando a batalha da Florida, travada em 1814 no Alto Peru contra os monarquistas. Mas em 1837, uma nova mudança na nomenclatura da rua aconteceu quando Juan Manuel de Rosas a decretou que se chamasse Calle Peru. Foi só em 1857 que o nome atual de Calle Florida foi definitivamente restaurado.
Nessa época, as elites argentinas começaram a deixar suas residências ao sul da Plaza de Mayo, principalmente devido a epidemias, decidindo uma mudança para uma área mais alta da cidade e escolheram os arredores da Plaza San Martín. A Calle Florida começou a se transformar em uma rua comercial e vários estabelecimentos como boticários, lojas de móveis, joalherias e chapelarias foram instalados, oferecendo as mais importantes tendências da moda européia.
Em 1874, no cruzamento com a Rua Paraguai, foi instalado o Florida Garden, de propriedade de Adolfo Bullrich, chefe de uma das famílias mais ricas da Argentina. Entre 1888 e 1894, no cruzamento com a Avenida Córdoba, um enorme edifício comercial de galerias foi construído para instalar uma filial da loja de departamentos parisiense Au Bon Marché, o que acabou não acontecendo. O edifício somente foi ocupado anos mais tarde com a instalação das Galerias Pacífico, e quase um século depois seria declarado um Edifício Histórico.
No final do século XIX, o bonde começou a circular pela Calle Florida e nessa mesma época, o luxuoso edifício da primeira sede do Jockey Club foi construído e o local foi se tornando um ponto de encontro típico da classe alta de Buenos Aires durante a primeira metade do século XX. E nesses mesmos anos, a atividade na Florida Street começou a mudar definitivamente para o comércio.
Em 1910, a rua já era definitivamente comercial e nessa época, as classes altas estavam se movendo mais ao norte, para Recoleta e Palermo. Em 1911, a pedido de comerciantes da região, o tráfego de veículos se tornou proibido entre 11h e 21h.
A essa altura, a classe alta tradicional estava começando um novo êxodo da Calle Florida, cada vez mais para o norte, onde eles poderiam se isolar do movimento cada vez mais intenso do centro da cidade e encontrar terras mais amplas para construir casas maiores e mais luxuosas. Primeiro, a transferência foi feita em torno da Plaza San Martín: foram construídas algumas residências de tamanho nunca antes visto: o Palácio Ortiz Basualdo em 1904, o Palácio Anchorena em 1908 e o Palácio da Paz em 1912. Anos mais tarde, a migração da aristocracia de Buenos Aires optou por ir ainda mais longe do centro, em direção à Avenida Alvear e Barrio Norte, e depois continuou a se afastar da atual Avenida del Libertador em direção a Palermo.
Assim, o papel predominantemente comercial da Calle Florida foi cada vez mais confirmado, apesar de algumas residências notáveis permanecerem, como a da família Peña, que mais tarde foi cedida à Sociedad Rural Argentina como sede. A Confeitaria de Richmond, o Jockey Club e a permanência de algumas famílias tradicionais mantiveram esse passado aristocrático por algumas décadas, mas em meados do século XX essa imagem só existia na memória popular, uma vez que a rua havia se tornado definitivamente uma artéria comercial e poucas pessoas residiam nela.
Por volta do centenário da Revolução de Maio, foram construídas as grandes lojas da Calle Florida, grandes “palácios” comerciais de um tamanho que a cidade não tinha visto até então. Se em 1890 o projeto da loja “Au Bon Marché” havia sido paralisado pela crise, seu edifício interminável finalmente foi concluido e transformado nas Galerias Pacífico. Em 1912, o grande edifício sede da loja Gath e Chaves foi construído na esquina da Calle Cangallo, seguida dois anos depois pela instalação da filial da londrina Harrods e da Thompson Furniture Store ao lado, fazendo com que as duas instalações ocupassem o quarteirão inteiro.
O início da história da Calle Florida remonta à fundação de Buenos Aires, quando representava um caminho primitivo que se erguia do rio.
Seu primeiro nome oficial foi Calle San José, dado pelo governador Miguel de Salcedo em 1734, mas já foi conhecida como Del Correo, Baltasar Unquera e Empedrado. Essa última nomenclatura se deve ao fato da rua ter sido pavimentada em 1789 com pedregulhos trazidos de Montevidéu, tornando-se a primeira rua pavimentada da cidade. Uma curiosidade: parte desse pavimento é exibido atrás da entrada da estação de metrô Catedral na Avenida Diagonal Norte.
Em 1821, recebeu o nome de Florida, recordando a batalha da Florida, travada em 1814 no Alto Peru contra os monarquistas. Mas em 1837, uma nova mudança na nomenclatura da rua aconteceu quando Juan Manuel de Rosas a decretou que se chamasse Calle Peru. Foi só em 1857 que o nome atual de Calle Florida foi definitivamente restaurado.
Calle Florida em 1888
Nessa época, as elites argentinas começaram a deixar suas residências ao sul da Plaza de Mayo, principalmente devido a epidemias, decidindo uma mudança para uma área mais alta da cidade e escolheram os arredores da Plaza San Martín. A Calle Florida começou a se transformar em uma rua comercial e vários estabelecimentos como boticários, lojas de móveis, joalherias e chapelarias foram instalados, oferecendo as mais importantes tendências da moda européia.
Em 1874, no cruzamento com a Rua Paraguai, foi instalado o Florida Garden, de propriedade de Adolfo Bullrich, chefe de uma das famílias mais ricas da Argentina. Entre 1888 e 1894, no cruzamento com a Avenida Córdoba, um enorme edifício comercial de galerias foi construído para instalar uma filial da loja de departamentos parisiense Au Bon Marché, o que acabou não acontecendo. O edifício somente foi ocupado anos mais tarde com a instalação das Galerias Pacífico, e quase um século depois seria declarado um Edifício Histórico.
No final do século XIX, o bonde começou a circular pela Calle Florida e nessa mesma época, o luxuoso edifício da primeira sede do Jockey Club foi construído e o local foi se tornando um ponto de encontro típico da classe alta de Buenos Aires durante a primeira metade do século XX. E nesses mesmos anos, a atividade na Florida Street começou a mudar definitivamente para o comércio.
Em 1910, a rua já era definitivamente comercial e nessa época, as classes altas estavam se movendo mais ao norte, para Recoleta e Palermo. Em 1911, a pedido de comerciantes da região, o tráfego de veículos se tornou proibido entre 11h e 21h.
Calle Florida em 1910
A essa altura, a classe alta tradicional estava começando um novo êxodo da Calle Florida, cada vez mais para o norte, onde eles poderiam se isolar do movimento cada vez mais intenso do centro da cidade e encontrar terras mais amplas para construir casas maiores e mais luxuosas. Primeiro, a transferência foi feita em torno da Plaza San Martín: foram construídas algumas residências de tamanho nunca antes visto: o Palácio Ortiz Basualdo em 1904, o Palácio Anchorena em 1908 e o Palácio da Paz em 1912. Anos mais tarde, a migração da aristocracia de Buenos Aires optou por ir ainda mais longe do centro, em direção à Avenida Alvear e Barrio Norte, e depois continuou a se afastar da atual Avenida del Libertador em direção a Palermo.
Assim, o papel predominantemente comercial da Calle Florida foi cada vez mais confirmado, apesar de algumas residências notáveis permanecerem, como a da família Peña, que mais tarde foi cedida à Sociedad Rural Argentina como sede. A Confeitaria de Richmond, o Jockey Club e a permanência de algumas famílias tradicionais mantiveram esse passado aristocrático por algumas décadas, mas em meados do século XX essa imagem só existia na memória popular, uma vez que a rua havia se tornado definitivamente uma artéria comercial e poucas pessoas residiam nela.
Antiga Sede do Jockey Club
Por volta do centenário da Revolução de Maio, foram construídas as grandes lojas da Calle Florida, grandes “palácios” comerciais de um tamanho que a cidade não tinha visto até então. Se em 1890 o projeto da loja “Au Bon Marché” havia sido paralisado pela crise, seu edifício interminável finalmente foi concluido e transformado nas Galerias Pacífico. Em 1912, o grande edifício sede da loja Gath e Chaves foi construído na esquina da Calle Cangallo, seguida dois anos depois pela instalação da filial da londrina Harrods e da Thompson Furniture Store ao lado, fazendo com que as duas instalações ocupassem o quarteirão inteiro.
Em 1915, a Galeria Güemes foi aberta ao público, não apenas mostrando um luxo desconhecido em Buenos Aires, pois além dos andares comerciais, a Güemes possuía um edifício que chegava a 80 metros de altura.
Em 1925, o sucesso alcançado pela Loja Gath e Chaves foi tal que eles tiveram que construir um edifício anexo do mesmo tamanho que o original. Os anos loucos daquela década deram origem ao comércio de marcas e produtos finos e luxuosos na Calle Florida.
Já transformada em uma rua puramente comercial, com inúmeras galerias e várias casas bancárias ao longo de sua rota, a Calle Florida tornou-se definitivamente uma rua pedonal em 1º de Julho de 1971, com o prefeito Saturnino Montero Ruiz. A estrada foi nivelada com as calçadas e a ampliação de seu primeiro quarteirão, entre a rua Rivadavia e a Diagonal Norte, onde foram instalados os canteiros da obra e o primeiro posto de informações turísticas do município, que até hoje existe naquela localização. Durante os trabalhos deste quarteirão, depois de se retirar o asfalto, foi descoberta a peça do antigo pavimento colonial feito no final do século XVIII, que atualmente permanece ao lado de uma placa comemorativa.
Os trabalhos que transformaram a Calle Florida duraram quase 5 meses. As grandes escavadeiras varriam as calçadas para torná-la uma grande calçada, onde eram proibidos os engraxates e a venda de cigarros e doces, mas permitidas as barracas de flores e cafés.
Na década de 1990, a rua de pedestres começou a sentir a situação de crise da Argentina. Com o aumento do desemprego, o surgimento da marginalidade, a falta de manutenção das ruas com calçadas quebradas e valas abertas, juntamente com a proliferação de mendigos e vendedores ilegais, a situação da Calle Florida mudou completamente. Isso fez com que os clientes desaparecessem e os turistas deixaram de ir fazer suas compras por causa da insegurança. Nessa época, muitos comerciantes fecharam suas portas.
Nas décadas seguintes após vários anos de negligência, a Calle Florida passou por várias tentativas de se reerguer como importante ponto comercial. Por exemplo, foi feita uma nova pavimentação do calçamento e também a implantação dos cabos e tubulações de água, eletricidade, gás e telefone, através de um novo conduto por debaixo da rua. Porém a maioria destes projetos de remodelação não surtiram o efeito proposto e com o passar do tempo se fez necessário novas obras de restauração para corrigir os erros dos projetos mal concebidos.
Foi somente em 2003, quando a crise terminou, que a Calle Florida começou sua recuperação, principalmente graças ao boom do turismo estrangeiro e à reativação gradual do comércio no país. Em meados de 2005, a artéria estava em claro crescimento, recuperando inúmeras lojas e marcas que abandonaram os negócios com a crise. A taxa de ocupação comercial na Rua Florida era de 96,7%, quase não havia instalações disponíveis. A alta renovação dos inquilinos foi explicada pelo forte aumento nos preços dos aluguéis que acabou expulsando as casas menores, que não puderam enfrentar a renovação dos contratos de locação.
No final daquele ano, foi aberta a filial da loja chilena Falabella, dando impulso à rua de pedestres. Em 2006, a mesma empresa abriu outra filial, no mesmo edifício onde ficava localizada a outrora famosa sede da Gath & Chaves. A loja inglesa Harrods tinha planos de recuperação, porém até o momento apenas o térreo foi utilizado para a realização de alguns eventos do governo e de vários eventos privados.
Mas apesar das várias tentativas dos órgãos competentes de retirar os mendigos e trombadinhas que atacavam os pedestres e turistas, foi somente em 2012, que o governo da cidade conseguiu despejar vendedores ambulantes e trombadinhas, por meio da ação da Polícia Metropolitana, tornando a região um pouco mais segura. Mas, até hoje é preciso ficar atento pois é comum acontecer um assalto aqui e acolá aos desatentos e desavisados turistas e transeuntes.
Em 2014, como parte do Plano Microcentro, as fachadas de 24 edifícios foram reformadas e uma nova iluminação de rua foi instalada. Além disso, todos os toldos das fachadas foram removidos para eliminar a poluição visual e qualquer outro elemento que modificasse o design original, e foram realizados trabalhos de reconstrução do térreo de cada edifício para restaurar a arquitetura tradicional.
Já transformada em uma rua puramente comercial, com inúmeras galerias e várias casas bancárias ao longo de sua rota, a Calle Florida tornou-se definitivamente uma rua pedonal em 1º de Julho de 1971, com o prefeito Saturnino Montero Ruiz. A estrada foi nivelada com as calçadas e a ampliação de seu primeiro quarteirão, entre a rua Rivadavia e a Diagonal Norte, onde foram instalados os canteiros da obra e o primeiro posto de informações turísticas do município, que até hoje existe naquela localização. Durante os trabalhos deste quarteirão, depois de se retirar o asfalto, foi descoberta a peça do antigo pavimento colonial feito no final do século XVIII, que atualmente permanece ao lado de uma placa comemorativa.
Calle Florida em 1969
Na década de 1990, a rua de pedestres começou a sentir a situação de crise da Argentina. Com o aumento do desemprego, o surgimento da marginalidade, a falta de manutenção das ruas com calçadas quebradas e valas abertas, juntamente com a proliferação de mendigos e vendedores ilegais, a situação da Calle Florida mudou completamente. Isso fez com que os clientes desaparecessem e os turistas deixaram de ir fazer suas compras por causa da insegurança. Nessa época, muitos comerciantes fecharam suas portas.
Nas décadas seguintes após vários anos de negligência, a Calle Florida passou por várias tentativas de se reerguer como importante ponto comercial. Por exemplo, foi feita uma nova pavimentação do calçamento e também a implantação dos cabos e tubulações de água, eletricidade, gás e telefone, através de um novo conduto por debaixo da rua. Porém a maioria destes projetos de remodelação não surtiram o efeito proposto e com o passar do tempo se fez necessário novas obras de restauração para corrigir os erros dos projetos mal concebidos.
Foi somente em 2003, quando a crise terminou, que a Calle Florida começou sua recuperação, principalmente graças ao boom do turismo estrangeiro e à reativação gradual do comércio no país. Em meados de 2005, a artéria estava em claro crescimento, recuperando inúmeras lojas e marcas que abandonaram os negócios com a crise. A taxa de ocupação comercial na Rua Florida era de 96,7%, quase não havia instalações disponíveis. A alta renovação dos inquilinos foi explicada pelo forte aumento nos preços dos aluguéis que acabou expulsando as casas menores, que não puderam enfrentar a renovação dos contratos de locação.
No final daquele ano, foi aberta a filial da loja chilena Falabella, dando impulso à rua de pedestres. Em 2006, a mesma empresa abriu outra filial, no mesmo edifício onde ficava localizada a outrora famosa sede da Gath & Chaves. A loja inglesa Harrods tinha planos de recuperação, porém até o momento apenas o térreo foi utilizado para a realização de alguns eventos do governo e de vários eventos privados.
Mas apesar das várias tentativas dos órgãos competentes de retirar os mendigos e trombadinhas que atacavam os pedestres e turistas, foi somente em 2012, que o governo da cidade conseguiu despejar vendedores ambulantes e trombadinhas, por meio da ação da Polícia Metropolitana, tornando a região um pouco mais segura. Mas, até hoje é preciso ficar atento pois é comum acontecer um assalto aqui e acolá aos desatentos e desavisados turistas e transeuntes.
Pequenos furtos e assaltos acontecem com frequência na Calle Florida
Em 2014, como parte do Plano Microcentro, as fachadas de 24 edifícios foram reformadas e uma nova iluminação de rua foi instalada. Além disso, todos os toldos das fachadas foram removidos para eliminar a poluição visual e qualquer outro elemento que modificasse o design original, e foram realizados trabalhos de reconstrução do térreo de cada edifício para restaurar a arquitetura tradicional.
Mas vamos começar um pequeno tour, percorrendo à pé os 11 quarteirões da tão famosa Calle Florida, começando na Avenida Rivadavia.
Em seu primeiro bloco é mais larga que o restante de seu percurso. No primeiro quarteirão há o Palácio das Sociedades Anónimas, a antiga Casa Mappin & Webb que agora é a filial do HSBC e o Edifício Florida 40 que era a antiga sede da Banca Nazionale del Lavoro em Buenos Aires e hoje é a sede do HSBC.
O primeiro edifício é o do Palácio das Sociedades Anónimas que fica localizado na esquina da Calle Florida com a Avenida Rivadavia onde, por volta de 1810, ficava a casa da Flora Azcuénaga de Santa Coloma, uma aristocrata da época. Esta casa sobreviveu por todo o século seguinte, até que foi demolida para construir o Grand Hotel, projetado em um estilo imponente do Segundo Império pelo arquiteto Augusto Plou e inaugurado em 1901. O Grand Hotel acomodava várias personalidades da época, mas foi adquirido em 1957 pela Câmara das Sociedades Anónimas da Argentina.
A organização encomendou sua nova sede ao arquiteto Ernesto Lopardo, que projetou um edifício moderno, com perfis de vidro e alumínio na fachada, e uma galeria comercial no térreo e um mezanino, dos quais você pode acessar os andares superiores através de dois núcleos de elevadores. Desde 2009 uma das primeiras filiais argentinas da cafeteria Starbucks opera lá, no andar térreo e no segundo andar do prédio, fica a sede do Rotary Club da Argentina.
Quando ainda era o prédio do Grand Hotel
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A Casa Mappin & Webb é um prédio antigo que foi construído para abrigar a filial da renomada joalheria Mappin & Webb. Anos mais tarde, foi adquirida pela Banca Nazionale del Lavoro e atualmente é uma das filiais do HSBC. Há de se notar que o prédio em estilo antigo fica encaixado exatamente entre os dois prédios modernos, criando um inusitado contraste antigo/moderno.
O edifício de estilo acadêmico foi projetado em 1911, quando a Rua Florida era a principal rua aristocrática de Buenos Aires. Entre alguns dos objetos de luxo mais importantes exibidos por esta casa, estava a taça de prata feita por William Bellchambers a pedido de Mappin & Webb em 1841, para a rainha Victoria dar ao Iate Clube Royal Yacht Squadron. Outro objeto relevante seria um colar de esmeraldas adquirido por Eva Perón em 1946.
Casa Mappin & Webb
Ao lado da Casa Mappin & Webb fica localizado o Edifício Florida 40, um prédio de escritórios em estilo moderno, projetado em 1988 pelos arquitetos Mario Botta e Haig Uluhogian, construído e inaugurado em 1989 para abrigar a sede do Banca Nazionale del Lavoro na Argentina. O prédio adjacente, a antiga Casa Mappin & Webb, também foi adquirido pela BNL para fazer parte do complexo de escritórios mas, em Janeiro de 2006, o BNL vendeu os dois imóveis para o HSBC, que os ocupam até hoje.
Para projetar o prédio do BNL, os arquitetos Botta e Uluhogian respeitaram a altura do prédio adjacente no lado norte, o Edifício Miguel Bencich, colocando os andares superiores com uma frente em degraus e ao mesmo tempo, aproveitando o fato de o Banco ser o proprietário da antiga Casa Mappin & Webb e de o novo prédio estar conectado ao seu interior, para criarem uma segunda fachada na parte sul do projeto, colocando janelas nela.
A fachada do prédio da Banca Nazionale é toda revestida de três tipos diferentes de granito, intercalados: cinza, fumê e preto nevado polido. Além disso, no térreo, os arquitetos conceberam um espaço para uso público muito particular, que chamaram de "ruínas", devido à sua aparência. As peças geométricas foram feitas com bolinhas de gude gregas e italianas.
As obras foram dirigidas pelo arquiteto Francisco Granero Alonso e tiveram que superar várias complexidades ao conectar o novo difício com o da antiga Casa Mappin & Webb. Foi necessário demolir a parede divisória que separava os edifícios, mas também foi necessário construir colunas do porão até o 1º andar.
Edifício Florida 40, entre a Casa Mappin & Webb e o Edifício Miguel Bencich
A primeira avenida que atravessa a Rua Florida é a Diagonal Norte ou Avenida Presidente Roque Sáenz Peña, construída entre 1913 e 1943. Este é um dos cruzamentos mais conhecidos e fotografados da cidade, pois em cada esquina há um edifício com uma cúpula proeminente.
Dois deles são obra do arquiteto Eduardo Le Monnier: o Edifício Bencich e o Edifício Miguel Bencich, ambos construídos pela empresa Bencich Hermanos. Os outros são a antiga sede do Primeiro Banco Nacional de Boston, atualmente sede do Standard Bank e o prédio da seguradora La Equitiva del Plata, do arquiteto Alejandro Virasoro. Em uma pequena praça triangular entre os cruzamentos com a Diagonal Norte e a Rua Bartolomé Mitre, existe o monumento ao Presidente Roque Sáenz Peña.
Ambos os Edificios Bencich e Miguel Bencich são obras do arquiteto francês Eduardo Le Monnier, e foram construídos em 1927. O trabalho fazia parte de uma comissão dos irmãos Massimiliano e Miguel Bencich, proprietários de uma empresa de construção, e a idéia é que ficassem um de frente para o outro e separados pela Diagonal Norte.
Ambos combinam elementos do classicismo e do academismo francês e respeitam os regulamentos de construção que estabeleceram alturas e outros elementos que favoreceram a composição da avenida, continuando as linhas de varandas, cornijas e acabamentos.
Com estilos semelhantes, existem poucas diferenças entre os dois prédios. O Edifício Bencich foi construído como um prédio de aluguel e possui varandas no segundo e nono andar e seu revestimento externo é feito de pedra de Paris e possui duas grandes cúpulas de cinco andares. Já o Edifício Miguel Bencich que é o que fica ao lado do Edifício Florida 40 foi destinado como um prédio de escritórios e possui uma única cúpula.
O terceiro prédio desta esquina famosa é o First National Bank of Boston ou popularmente conhecido como Boston Bank, um edifício caracterizado por uma fachada neoplateresca de 115 metros, projetada em homenagem ao renascimento espanhol e inspirada no Hospital de Santa Cruz de Toledo, construído no século XVI. Na época, o banco contratou os arquitetos Paul Sino Chambers e Louis Newbery Thomas para projetarem o edifício de acordo com as reivindicações expressas mas vários projetos foram rejeitados pelo município, devido aos rígidos regulamentos sobre fachadas, proporções e dimensões dos edifícios elaborados para a Diagonal Norte. Os planos finais foram finalmente aprovado em 1922 e as obras só terminaram em outubro de 1924, quando o prédio de propriedade do First National Bank of Boston foi finalmente inaugurado.
O pórtico de entrada foi todo feito em Nova York, com quatrocentas toneladas de calcário de Indiana Limestone que foram esculpidas na origem. Mas o que mais impressiona é, sem dúvida, a pesada porta de bronze de quatro toneladas que foi trazida da Inglaterra. E outro elemento arquitetônico de destaque é a grande cúpula circular toda finalizada com azulejos coloniais espanhóis de cor tijolo vermelho.
O prédio já foi alvo de alguns ataques e destruição como aconteceu em 24 de dezembro de 1927 quando o anarquista militante Severino di Giovanni detonou uma bomba dentro do banco, danificando seriamente o edifício. Ou então quando, durante a crise de 2001, manifestantes se rebelaram e protestavam em frente ao banco por terem sido prejudicados por medidas econômicas que retiveram as poupanças. Atualmente, é ocupado pelo Banco Industrial e Comercial da China (IBC), antigo Standard Bank Argentina, que absorveu o Bank of Boston em 2004. O edifício se distingue por sua esquina rebuscada e pelas arcadas e balaustradas no último andar, com base em diferentes obras representativas do plateresco espanhol.
First National Bank of Boston, hoje IBC da China
E por fim, o quarto e último prédio que junto com os outros três formam o "Canto das Cinco Cúpulas", é o Edifício da Seguradora La Equitiva del Plata, um prédio de escritórios em estilo Art Deco da companhia de seguros com esse nome, que em 1927 contratou o arquiteto Alejandro Virasoro para projetar a nova sede da seguradora para aquele endereço cuja conclusão da obra se daria dois anos depois.
O edifício possui um subsolo, térreo e 8 andares de altura, e sua cúpula, que mostra as influências da era arquitetônica mesopotâmica e asteca, também é ocupada por escritórios. O térreo era destinado a nove instalações comerciais com um mezanino cada, sendo que a mais visível na esquina era originalmente ocupada por um serviço de correios, e atualmente abriga um restaurante de fast food.
Na lateral do edifício, o acesso leva ao salão com a escada e dois elevadores subindo para os andares superiores, que deveriam acomodar nove escritórios cada. Todo esse setor de entrada foi posteriormente remodelado e perdeu a ornamentação original, inclusive o elevador foi modernizado e perdeu a "gaiola" original projetada por Virasoro em estilo art déco.
Edifício da Seguradora La Equitiva del Plata
No quarteirão seguinte ficam localizadas duas importantes galerias comerciais. A primeira delas no número 142 é a Galeria de Boston, com 44 lojas, nas quais se destacam gastronomia, vestuário, informática, cabeleireiro, serviços de manutenção e outros itens. Um ponto importante é o mural feito pelo artista Héctor Julio Páride Bernabó, mais conhecido como Carybé.
Já no número 165 fica a entrada da Galeria Güemes, um dos edifícios mais belos e emblemáticos de Buenos Aires, coroado por uma cúpula que oferece uma das melhores vistas da cidade. Trata-se de um luxuoso prédio de passagem que une a Calle Florida com a Calle San Martín, em pleno microcentro portenho. A obra é um trabalho do arquiteto italiano Francisco Gianotti e se tornou patrimônio arquitetônico da cidade e um fiel expoente do estilo Art Nouveau na Argentina.
O prédio da Galeria Güemes com seu mirante
Inaugurada em 1915, a galeria foi o primeiro arranha-céus de Buenos Aires e funcionava como um importante lugar de compras, de negócios e de acontecimentos sociais, além de oferecer apartamentos temporários de alto padrão.
Hoje em dia, no térreo da Galería Güemes existem diversas lojas vendendo chocolates, vinhos, perfumes, acessórios de couro e lembranças em geral, além de várias cafeterias e lanchonetes. Abaixo algumas fotos da Galeria Güemes por dentro:
Nos andares superiores funcionam apartamentos, escritórios, consultórios e clínicas de todo tipo. No subsolo, o antigo Teatro Florida hoje é palco para um dos shows de tango mais conceituados de Buenos Aires, o Piazzolla Tango. Para saber mais, dê uma olhada na página Shows de Tango.
O Show Piazzolla Tango
O mirante da Galería Guemes é realmente um capítulo a parte, já que oferece uma vista aberta de 360 graus de toda Buenos Aires. O mirante, ou "mirador", fica no 14° e último andar do edifício e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, sempre na parte da tarde. As visitas não são agendadas, mas a capacidade é limitada a 25 pessoas por grupo. O valor por pessoa é de menos de R$ 10. Para chegar lá, basta pegar o elevador mais próximo da entrada da Calle Florida e ir até o último andar. Depois de encontrar a entrada do mirante, só resta subir um trecho em escada caracol até chegar à cúpula.
O Mirante
Algumas curiosidades sobre a Galeria Güemes:
- Em 1967 houve um incêndio que destruiu tudo, desde a entrada até a primeira cúpula do salão central. As reformas de recuperação foram feitas sem se preocupar em preservar a arquitetura original, dando à galeria linhas rígidas totalmente desalinhadas com a riqueza arquitetônica do edifício original. Infelizmente isso acontecia muito na Argentina no passado, prédios maravilhosos de inestimável valor arquitetônico foram demolidos, reformados, despidos de suas características originais... uma pena!!
- Em 1971 um outro incêndio atingiu a fachada da Galeria Güemes, causando sérios danos à estrutura e ao interior. Uma nova fachada em estilo moderno foi construida, toda em vidro, contrastando com o estilo art-nouveau do prédio. Em 2004, uma restauração foi realizada e muitos detalhes que estavam escondidos foram recuperados, como as clarabóias, as pinturas nas paredes e os bronzes. A restauração terminou com a instalação do complexo Astor Piazzolla no subsolo, onde era o antigo Teatro Florida.
- Do 6˚ ao 12˚ andar, a galeria originalmente possuia um pequeno hotel e que teve por 15 meses um hóspede ilustre, o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, enquanto escrevia um de seus livros "Vôo Noturno". Dizem que durante um tempo criou na banheira do prédio uma foca que trouxe de uma viagem ao sul da Argentina e o gerente do hotel sempre trazia peixe fresco para o animal. Quando foi embora, levou com ele um amor argentino, Consuelo Suncín, que conheceu na cidade.
- Quando foi inaugurada, a galeria tinha como locatários nas instalações do térreo importantes empresas da época, como a Companhia Argentina de Tabacos, a empresa de móveis Kalisay J. Greciet, a ótica Grimaldi Subirana, a famosa alfaiataria Casa Tow, entre outros.
A famosa Casa Tow
- Durante muitos anos foi o ponto mais alto da Argentina. O prédio tem seus fantasmas, diz uma história urbana que uma jovem artista de teatro de varieté se jogou pela cúpula, através dos vitrais.
- O prédio não possui um 13˚ andar, saltado 12˚ para o 14˚, onde fica o mirante, e antigamente abrigava uma famosa confeitaria.
- Na década de 20 a galeria ganhou uma péssima reputação, quando as duas salas do subsolo, o Teatro Florida e o Cabaré Abdulla Club, se tornaram clubes de shows eróticos e provocativos.
A visão panorâmica da cidade vista do Mirante
No cruzamento com a Calle Teniente General Juan Domingo Perón, antiga Calle Cangallo, há um conjunto de quatro grandes edifícios.
Dois deles pertenciam à famosa loja Gath & Chaves, como já mencionado no texto acima, que era uma loja de departamentos fundada em 1883 por Lorenzo Chaves e Alfredo Gath e que foi uma das favoritas da classe alta de Buenos Aires. A loja simbolizava uma época de prosperidade no país e era o ponto de encontro das encomendas de Buenos Aires.
A arquitetura dos dois edifícios é simples e pontual, com uso abundante de aço e vidro. O espaço da grande loja era propício para reuniões sociais; no último andar, uma confeitaria com grandes terraços ao ar livre, permitia apreciar uma vista magnífica da cidade.
O opulento interior da sede da Gath & Chaves
O novo prédio da loja em franca expansão começou a ser construído na Calle Florida em 1912, segundo os planos do arquiteto francês Francisque Fleury Tronquoy que projetou o edifício com dois porões, um térreo e sete andares altos e foi inaugurado em 1914. Em 1922, a Gath y Chaves fundiu-se com a londrina Harrods e em 1925, um edifício anexo à loja foi inaugurado na esquina oposta e sua arquitetura era semelhante à do edifício sede, apesar de não ter a cúpula, e também foi construída uma passagem subterrânea que os conectava.
Em 1910, a empresa abriu uma filial em Santiago do Chile e nos anos seguintes em várias outras cidades da Argentina e da América do Sul. Porém, a loja Gath y Chaves fechou permanentemente em 1974 por problemas financeiros e ambos os edifícios foram ocupados por bancos.
O prédio que era a sede da Gath & Chaves foi ocupado pelo Meridian Bank durante muitos anos mas atualmente tem seu térreo ocupado pela loja de roupas Cuesta Blanca. Já o prédio que era o anexo da antiga loja foi adaptado em 1968 para abrigar os escritórios do Royal Bank of Canada mas em 2006 foi remodelado novamente para abrigar uma filial da loja chilena Falabella.
Gath & Chaves: à esquerda a sede que hoje é ocupada pela loja Cuesta Blanca
e à direita o anexo que hoje é ocupado pela loja chilena Falabella
e à direita o anexo que hoje é ocupado pela loja chilena Falabella
O terceiro prédio da esquina foi construído para o Banco Popular Argentino, cuja sede original ficava na Calle San Martín e que também é conhecido como Casa Central. Depois de passar por diferentes prédios, em 1925, as autoridades do banco resolveram fazer um concurso para escolher um projeto diferenciado para a construção da nova sede da entidade, considerando a importância e as dimensões que ela havia adquirido.
Os vencedores do concurso foram os irmãos Carlos e Antonio Vilar, que projetaram o edifício em um estilo neo-renascentista espanhol, que apresentava dois porões, um térreo e 10 andares altos. O Banco Popular designou os subsolos, o térreo e o 1º andar para o banco em si e alocou os restantes 9 andares como escritórios de aluguel. No telhado, uma confeitaria com terraço e instalações cobertas foram instaladas no corpo da torre oferecendo ao cliente uma bela vista da cidade. O revestimento na base do edifício até o primeiro andar foi esculpido em pedra travertina e o pátio interno foi coberto com maiólicas.
Em 1996, o Banco Popular Argentino foi comprado pelo Banco Roberts, que um ano depois foi absorvido pelo HSBC que ocupa o edifício até hoje.
O edifício do Banco Popular Argentino, hoje sede do HSBC
E na quarta esquina deste cruzamento, fica localizado em edifício em estilo moderno que destoa completamente dos outros três, mas que era o anexo da Casa Central do Banco Popular Argentino.
Com o crescimento da entidade, foi necessária a construção de um edifício anexo, para o qual foi comprado o terreno oposto. O projeto realizado em 1960 pertencia ao prolífico arquiteto Mario Roberto Álvarez e ao engenheiro Roberto Migliaro, iniciado em 1964 e concluído em 1968.
O edifício é de estilo moderno e consiste em uma torre removida da linha municipal de frentes e separada dos prédios adjacentes. É composto por 4 porões, térreo, mezanino e 11 andares altos. A fachada envidraçada foi protegida com guarda-sóis horizontais de metal e, a partir do 1º andar, perde 3 metros de retirada em relação à linha de frente municipal. Além disso, foi construído um túnel que, cruzando a Calle Tte. Gal. Juan Domingo Perón, ligava o porão do anexo ao da Casa Central, na calçada oposta.
Anexo do Banco Popular Argentino
No próximo quarteirão destacam-se dois edifícios que são belos exemplos de seus respectivos estilos arquitetônicos.
O edifício Lutz Ferrando foi inaugurado em abril de 1912 como uma grande loja de ótica, de propriedade da empresa Lutz Schultz. Construído pelo arquiteto alemão Ernesto Sackmann, o edifício faz parte do modernismo originado na Europa Central. Esse estilo pode ser visto na fachada, que destaca as grandes superfícies envidraçadas, o uso de granito, as grades de ferro forjado e os diferentes tipos de ornamentação de bronze, entre os quais dois vidros são descobertos.
Edifício Lutz Ferrando
E um pouco mais adiante fica o prédio do antigo Gran Cine, em predominante estilo Art Deco, obra do arquiteto húngaro Jorge Kálnay. O Cine Florida foi o primeiro cinema da Argentina em que o piso não era plano, mas foi projetado com um arco para que os assentos próximos à tela fossem reclinados para trás, permitindo uma visão ideal da tela.
O arquiteto Jorge Kalnay construiu 3 andares acima do Gran Cine e reservou o terceiro andar para sua casa e escritórios. O edifício ainda existe e é bem preservado, hoje sendo usado como edifício de escritórios e instalações comerciais.
Na balaustrada das varandas destacam-se várias esculturas de rostos masculinos e femininos.
Antigo Gran Cine
Já no cruzamento com a Avenida Sarmiento localiza-se um edifício que hoje apresenta um estilo moderno e que foi originalmente construído para a antiga loja "A La Ciudad do México", uma loja de departamentos que era a grande concorrente das lojas Gath & Chaves, fundada em 1889 pelos proprietários Ollivier e Albert.
O edifício original queimou-se em 25 de maio de 1907 e um ano depois foi construído um novo, de cinco andares. Em 1961, o imóvel foi adquirido pelo Banco Municipal de Buenos Aires e, por volta de 1966, foi realizado um concurso para reformar o projeto, a fim de mudar sua sede para lá. Os arquitetos vencedores do concurso fizeram uma reestruturação total no edifício, caracterizado-se principalmente pelo uso extensivo de tijolos de vidro em interiores e fachadas.
Sede do Banco Ciudad de Buenos Aires
Filial da El Ateneo
Bem em frente à livraria fica localizado o antigo prédio do Jornal La Nación, um jornal argentino tradicional, formado por um grupo econômico que controla total ou parcialmente a única fábrica de papel de jornal do país, um canal de TV a cabo, várias revistas, uma unidade de eventos, o cartão Club LA NACION, o site de notícias lanacion.com e o estádio Buenos Aires Arena. O primeiro exemplar do jornal foi publicado em 4 de Janeiro de 1870, apresentando uma tendência liberal conservadora, e foi fundado por Bartolomé Mitre, após dois anos de deixar o cargo de presidente da Argentina.
Em 1870, o jornal começou a ser escrito na residência de Bartolomé Mitre, na Calle San Martín 336, uma casa colonial do final do século XVIII, que lhe fora doada por uma ação popular no final de seu mandato presidencial e ainda está de pé, transformada no museu.
Em 1884, a expansão do jornal começou com a construção de prédio próprio, nos terrenos adjacentes. Era de um design eclético de influência italiana com um porão, dois andares e vários pátios internos, que abrigavam as diversas seções do prédio. Décadas depois, anexaria um prédio de escritórios adjacente.
Em 12 de outubro de 1929, foi inaugurado o anexo da Calle Florida, um projeto único em estilo neocolonial espanhol do arquiteto Estanislao Pirovano, que refletia a tendência "americanista" do jornal na época. A "Filial da Flórida" era conectada pelos fundos à casa na Calle San Martín e tinha em sua fachada quadros-negros onde eram anunciadas as manchetes mais recentes.
Em 1955, o La Nación começou os planos para o projeto e construção de sua nova sede em Puerto Madero. Sua construção progrediu lentamente e somente em 1980 o edifício foi completamente finalizado.
Em 1992, começou a demolição dos edifícios antigos na Calle Florida e San Martín, com o objetivo de construir uma torre de escritórios e uma galeria comercial. A fachada neocolonial do arquiteto Pirovano foi preservada mas perdeu todos os seus interiores originais. Já o edifício mais antigo da Calle San Martín desapareceu. Atualmente é chamado de Galería Mitre, que funciona como uma filial da loja Falabella.
Galeria Mitre e a Loja Falabella, no prédio que era do Jornal La Nácion
Na esquina do cruzamento com a Avenida Corrientes, fica localizada a antiga residência da família Elortondo Alvear. O Palacio Elortondo Alvear foi uma residência em estilo neo-gótico antigo e teria sido construído para o proprietário Carlos María Diego de Alvear e María de las Mercedes de Elortondo, que se casaram em 19 de de Maio de 1882. Alguns historiadores apontam que apenas está documentado que o casamento ocorreu nesta residência, mas não que fosse sua propriedade, pelo menos explicitamente. De qualquer forma, foi uma das primeiras residências palacianas de Buenos Aires e uma das mais luxuosas de sua época.
A data exata do projeto arquitetônico é desconhecida, quando sua construção ocorreu e quando foi concluída também, mas supõe-se que tenha ocorrido entre 1870 e 1880. Foi concebida como era habitual na segunda metade do século XIX, como uma casa no andar superior e um estabelecimento comercial no térreo. Sabe-se que já abrigou a loja de charutos de Monterrey e que em 1922 foi instalado o Café de Gérard, que é lembrado por seus frequentadores assíduos como políticos, jornalistas, poetas e cafetões, e seria um dos primeiros em Buenos Aires onde o jazz era a música que tocava em seus salões. No final da década de 1930, a Casa Mayorga, especializada em artigos de couro, estava operando no local. Mas depois disso e durante muitas décadas, o andar térreo ficou vago e desocupado.
Em 1989, a rede de hambúrgueres Burger King adquiriu a antiga residência e realizou uma remodelação completa que eliminou a maioria dos quartos e fachadas originais. Por fim, a filial foi aberta em dezembro de 1994, com uma grande celebração mas em 2007, a loja foi temporariamente fechada, enquanto foram realizadas reformas estéticas, em consonância com a nova imagem desenvolvida pelo Burger King. Mas em dezembro de 2018, o restaurante foi fechado definitivamente por causa da crise econômica.
Palacio Elortondo Alvear, antes e depois
Um pouco mais adiante fica localizado a Residencia Julio Peña e é uma das poucas residências particulares que sobrevivem desde o tempo em que a Flórida era uma artéria aristocrática.
O edifício foi projetado pelo arquiteto belga Jules Dormal como residência da família Peña-Blaye e inaugurado em 1902. Após a morte dos proprietários, a casa foi vendida para a Sociedad Rural Argentina, que estabeleceu sua sede lá.
Devido ao seu estilo, o trabalho está enquadrado no acadêmico francês, caracterizado pela simetria, telhados de mansarda, almofadas de pedras Paris, balaustradas, relevos em varandas e portas e janelas em arco.
Residencia Julio Peña, hoje Sociedade Rural Argentina
Ao lado da Residencia Julio Peña fica o Edifício Peña, também obra do arquiteto Julio Dormal e que foi inaugurado em 1913 como um prédio de aluguel para a família Peña. Em 1917, a Richmond Confiteria foi fundada no térreo. "La Richmond", como era conhecida, rapidamente se tornou um dos lugares favoritos da classe alta de Buenos Aires. A confeitaria era famosa por sua boiserie de carvalho eslava, pelas cadeiras e poltronas Chesterfield estofadas em couro, pelas mesas de centro Thonet e pelos lustres de bronze e opalina trazidos especialmente da Holanda. O dossel original ainda é preservado hoje.
Em 2011, a Confiteria Richmond fechou suas portas. Poucos dias antes, o Legislativo da Cidade de Buenos Aires aprovou uma lei declarando o "local histórico" para tentar garantir a permanência da empresa, mas isso não impediu o fechamento das instalações. Naquele dia, os funcionários descobriram o estabelecimento fechado sem aviso prévio e decidiram tomá-lo como um pedido de cobrança de sua remuneração, uma negociação que posteriormente foi tratada pelo Ministério do Trabalho. Meses depois, foi relatado o desaparecimento dos móveis originais das instalações.
Em agosto de 2014, a loja reabriu como um local de esportes pertencente à rede Just For Sport e mantém um pequeno café. O interior das instalações mantém algumas das características antigas, como o bar que vai da entrada até a parte posterior da loja.
Edificio Julio Peña que viria a abrigar a Confiteria Richmond
O próximo cruzamento é com a Calle Lavalle, a outra rua pedonal de Buenos Aires e se tornou um dos cruzamentos mais concorridos entre os turistas, onde vários shows são realizados todos os dias por artistas de rua, em meio a grandes colunas de pedestres que circulam pelas duas artérias do centro.
A Calle Lavalle é também bem movimentada com muitas opções de restaurantes, bares, lojas de souvenires, lojas de diversão eletrônica, além de muitas pessoas oferecendo câmbio e passeios turísticos.
No meio do próximo quarteirão encontra-se a grande Galeria Jardín, um dos shopping centers mais importantes e tradicionais de Buenos Aires e que possui em sua decoração interna um grande número de plantas e canteiros de flores, que dão nome à galeria.
A Galeria Jardín caracteriza-se por possuir uma ampla gama de equipamentos e suprimentos de informática a bons preços de mercado, devido à grande concorrência na própria galeria. Além das casas de informática, também existem locais para venda de produtos tradicionais argentinos, destinados aos turistas, como lembranças, presentes e souvenirs.
A Galeria Jardín ocupa hoje o terreno que antigamente se erguia o Jockey Club de Buenos Aires, erguido em 1897 e que era um importante clube social que reunia as famílias da aristocracia argentina e, dentro dessas, algumas das personalidades políticas mais importante da geração dos anos 80. Na década de 1950, a figura das galerias assumiu um novo papel na arquitetura e no comércio de Buenos Aires e em 1948, a Lei da Propriedade Horizontal havia sido promulgada, permitindo a construção de um grande número de edifícios e torres para um grande número de proprietários.
Assim, em 1963, foi lançado um concurso de um projeto para construir um complexo de torres e galerias comerciais onde o Jockey Club estava localizado. O arquiteto vencedor foi Mario Roberto Álvarez, mas a construção só começou mesmo em 1973. O complexo incluia vários níveis de instalações comerciais em uma galeria, um porão de escritórios e duas torres de arranha-céus, uma para apartamentos e outra para escritórios.
A galeria foi inaugurada em 1976, embora os escritórios e as duas torres tenham sido construídas em etapas nos anos seguintes. A Torre Florida foi projetada para escritórios, com 23 andares e foi concluída em 1978. A Torre Tucumán foi reservada para habitação, distribuída em 80 andares e foi concluída em 1984.
Seguindo adiante, no quarteirão entre a Calle Viamonte e a Avenida Córdoba fica localizado o monumental edifício das Galerias Pacífico, pode-se dizer que o mais famoso e luxuoso shopping center de Buenos Aires.
O edifício de estilo Beaux-Arts foi projetado pelos arquitetos Emilio Agrelo e Roland Le Vacher em 1889 para acomodar uma loja chamada Le Bon Marché, inspirada no Le Bon Marché em Paris.
Em 1896, parte do edifício foi transformado na primeira casa do Museu Nacional de Belas Artes e, em 1908, a empresa de propriedade britânica Ferrovia Buenos Aires-Pacífico adquiriu parte do edifício para escritórios. O nome da empresa derivava do fato de que sua intenção era operar um serviço de trem ligando Buenos Aires e Valparaíso no Chile, dando assim acesso ao Oceano Pacífico. A partir daí o prédio ficou conhecido como Edifício Pacífico.
Em 1945 o edifício foi remodelado pelos arquitetos José Aslan e Héctor Ezcurra e os escritórios foram separados do resto do edifício. Uma grande cúpula central foi construída e decorada com 12 afrescos dos artistas Lino Enea Spilimbergo, Antonio Berni, Juan Carlos Castagnino, Manuel Colmeiro e Demetrio Urruchúa. Estes afrescos, executados em 1946, são alguns dos mais importantes em Buenos Aires.
Alguns historiadores contam que o edifício foi usado como um centro de tortura pela junta militar que governou a Argentina de 1976 a 1983. Descobriu-se que durante a ditadura, o Primeiro Exército escondeu alguns de seus desaparecidos nas entranhas do shopping e as paredes das masmorras ainda trazem as marcações desesperadas feitas por seus prisioneiros há muito tempo mortos: nomes, datas, pedidos de socorro.
Em 1989 foi declarado Monumento Histórico Nacional. Além da galeria comercial, o edifício também contém o Centro Cultural Jorge Luis Borges e o Estudio de Dança Julio Bocca. Atualmente, o shopping abriga muitas lojas de luxo, como Ralph Lauren, Christian Lacroix, Christian Dior, Lacoste, Tommy Hilfiger, Hugo Boss, entre outros.
Já no cruzamento com a Avenida Córdoba está o magnífico edifício do Centro Naval, inaugurado em 1914.
Criado em maio de 1882, o Centro Naval Argentino teve 13 sedes anteriores até se instalar definitivamente na Calle Florida esquina com a Avenida Córdoba. O palácio tem projeto do suíço Jacques Funant e do francês Gastón Mallet em um estilo acadêmico luxuoso e foi construído exclusivamente para ser a sede social da instituição. Ao contrário da maioria dos palácios portenhos do início do século XX, que usavam matéria-prima importada, este foi erguido com 90% dos materiais de origem nacional, o que permitiu que ficasse pronto em apenas três anos. Já a inspiração não podia ser mais europeia: o estilo barroco do Palácio de Versalles está presente em vários detalhes do edifício, e uma escadaria de mármore remete ainda à Ópera Garnier de Paris.
Seu mítico portão é um dos mais fotografados de Buenos Aires e foi todo feito com o bronze da fundição dos canhões da guerra da independência argentina. Além do mítico portão e da escadaria imperial, o edifício está forrado de esculturas, afrescos com simbologia marinha maçônica, obras de arte e luminárias maravilhosas, como a da entrada, que pesa mais de 300 quilos e foi presente do diretor do jornal La Prensa.
O prédio tem andares conectados por elevadores circulares de madeira e ferro, com mais de um século de vida mas em excelente estado de conservação.
Continuando o passeio pela Calle Florida, no meio do quarteirão fica o enorme edifício que pertenceu à antiga Harrods de Buenos Aires, que abriu sua primeira filial fora do Reino Unido, em Buenos Aires, em 1914. Está fechado desde 1998, embora o Governo da Cidade de Buenos Aires tenha tentado em várias ocasiões transformá-lo em um centro cultural, sendo reaberto temporariamente para acomodar eventos artísticos.
A loja de departamentos foi ampliada em 1920 e cresceu para ocupar quase um quarteirão inteiro. Após sua expansão, o complexo de 47.000 m² foi coroado por uma cúpula do oitavo andar com vista para a Avenida Córdoba, com degraus de mármore e piso de cedro por toda parte, além de elevadores de ferro forjado com capacidade para vinte pessoas, com serviço de manobrista, e uma orquestra de jazz. A loja foi comprada pela varejista local concorrente Gath & Chaves em 1922 que acabou sendo adquirida em 1970 pela holding ítalo-argentina, Almacenes Argentinos.
Esses últimos proprietários fecharam a Gath y Chaves em 1974 e venderam sua participação na loja Harrods a um consórcio liderado por Pérez Companc em 1977, um importante conglomerado local. Durante toda a década de 80, o edifício e as empresas que o ocuparam estiveram envolvidas em extensos litígios legais e um impasse no destino do local. Em 1983, a loja era controlada por Atilio Gilbertoni, ex-gerente geral da Pérez Companc, e pela empresa suíça de capital de risco CBC Interconfianz.
Depois que Gilbertoni recusou uma oferta do magnata do transporte egípcio, Mohammed Al-Fayed, pela licença Harrods local iniciou-se um conflito que culminou com contínuas lutas legais e que somando-se a economia local vacilante levou ao fechamento dos andares superiores da loja após uma crise cambial em 1989. O processo de Fayed foi finalmente julgado improcedente pela Câmara dos Lordes britânica em 1998 e, embora continuasse a receber 80.000 clientes por dia e a média de um milhão de dólares em vendas diárias, as dívidas remanescentes resultaram no fechamento do histórico varejista, no final daquele ano. Gilbertoni evitou por pouco o leilão e rejeitou inúmeras ofertas para a loja enferma, entre elas a varejista chilena Falabella, El Corte Inglés de Madri, Printemps de Paris , entre outros.
O interior foi parcialmente restaurado e reaberto em 2003 para sediar festivais periódicos de arte e outros eventos culturais, e entre os eventos mais notáveis hospedados no local foram o 10º e o 11º Festival de Tango de Buenos Aires, em 2008 e 2009.
Representantes da CBC Interconfianz anunciaram em março de 2009 que haviam sido registradas autorizações junto às autoridades da cidade para reformar completamente o Harrods Buenos Aires e eventualmente seria possível reabrir a famosa loja de departamentos.
O edifício foi projetado pelos arquitetos Paul Bell Chambers e Louis Newbery Thomas, e as extensões foram executadas por Fred K. Sage. Possui sete andares e ocupa grande parte do quarteirão delimitado pelas Calles Florida, San Martín e Paraguai.
Foi declarado Patrimônio Histórico da Cidade.
Ao lado do edifício da Harrods fica o Edifício Thompson, projetado pelos arquitetos britânicos Eustance L. Conder, Sidney G. Follett e James W. Farmer, e onde se localizava a Loja de Móveis Thompson. Tem uma fachada em estilo eduardiano que compartilha suas diretrizes de fachada com a vizinha Harrods de tal forma que ambos os edifícios são percebidos como uma unidade. Esta situação em particular se deve à decisão subsequente da Harrod's de construir sua loja seguindo deliberadamente as características da fachada do prédio vizinho, com base na especulação de uma futura aquisição do mesmo.
Atualmente, a Galeria Buenos Aires opera no local da antiga loja Thompson, que tem uma saída na Avenida Córdoba.
No lado oposto, há um conjunto de torres residenciais e comerciais, construídas nas décadas de 1960 e 1970: a Torre Maure, a Torre Florida 868 e a Torre Florida 890, construídas para a Air France em 1964, com a Galeria Florida no térreo.
E chegando na esquina com a Calle Paraguay você encontra o Café Florida Garden, ponto de parada obrigatório pra quem está passeando na Calle Florida.
Visitar o Florida Garden é como viajar para a década de 1960, quando o café/confeitaria foi inaugurado em um edifício com uma arquitetura de vanguarda, hoje considerada kitsch. O nome do arquiteto que o construiu em 1962 até hoje é um mistério.
No interior do café, a primeira coisa que chama a atenção é uma grande escadaria, suspensa no ar e que possui um design moderno e diferente, cheio de curvas, com degraus que se estreitam até o topo. Ao subir ao mezanino, você pode ver os clientes no térreo, o movimento dos garçons andando com as bandejas, as mesas de travertino, as cadeiras de madeira e couro e o balcão do bar.
Desde sua inauguração, este que é um dos Bares Notáveis de Buenos Aires, e por aqui já passaram várias personalidades famosas como Jorge Luis Borges e Diego Maradona, escritores, diretores de cinema, turistas, artistas plásticos, jornalistas e políticos. O local recebe mil pessoas todos os dias, portenhos e turistas que vão e vêm, caminhando entre paredes envidraçadas, colunas de bronze e mesas de mármore. Os garçons são antigos, alguns trabalham no bar há várias décadas, usam gravata borboleta e ajudam os clientes a vestir o casaco.
No meio do próximo quarteirão encontra-se a grande Galeria Jardín, um dos shopping centers mais importantes e tradicionais de Buenos Aires e que possui em sua decoração interna um grande número de plantas e canteiros de flores, que dão nome à galeria.
A Galeria Jardín caracteriza-se por possuir uma ampla gama de equipamentos e suprimentos de informática a bons preços de mercado, devido à grande concorrência na própria galeria. Além das casas de informática, também existem locais para venda de produtos tradicionais argentinos, destinados aos turistas, como lembranças, presentes e souvenirs.
A Galeria Jardín ocupa hoje o terreno que antigamente se erguia o Jockey Club de Buenos Aires, erguido em 1897 e que era um importante clube social que reunia as famílias da aristocracia argentina e, dentro dessas, algumas das personalidades políticas mais importante da geração dos anos 80. Na década de 1950, a figura das galerias assumiu um novo papel na arquitetura e no comércio de Buenos Aires e em 1948, a Lei da Propriedade Horizontal havia sido promulgada, permitindo a construção de um grande número de edifícios e torres para um grande número de proprietários.
Galeria Jardín
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Assim, em 1963, foi lançado um concurso de um projeto para construir um complexo de torres e galerias comerciais onde o Jockey Club estava localizado. O arquiteto vencedor foi Mario Roberto Álvarez, mas a construção só começou mesmo em 1973. O complexo incluia vários níveis de instalações comerciais em uma galeria, um porão de escritórios e duas torres de arranha-céus, uma para apartamentos e outra para escritórios.
A galeria foi inaugurada em 1976, embora os escritórios e as duas torres tenham sido construídas em etapas nos anos seguintes. A Torre Florida foi projetada para escritórios, com 23 andares e foi concluída em 1978. A Torre Tucumán foi reservada para habitação, distribuída em 80 andares e foi concluída em 1984.
Torre Florida
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Seguindo adiante, no quarteirão entre a Calle Viamonte e a Avenida Córdoba fica localizado o monumental edifício das Galerias Pacífico, pode-se dizer que o mais famoso e luxuoso shopping center de Buenos Aires.
O edifício de estilo Beaux-Arts foi projetado pelos arquitetos Emilio Agrelo e Roland Le Vacher em 1889 para acomodar uma loja chamada Le Bon Marché, inspirada no Le Bon Marché em Paris.
Galerias Pacífico
Galerias Pacífico
Em 1896, parte do edifício foi transformado na primeira casa do Museu Nacional de Belas Artes e, em 1908, a empresa de propriedade britânica Ferrovia Buenos Aires-Pacífico adquiriu parte do edifício para escritórios. O nome da empresa derivava do fato de que sua intenção era operar um serviço de trem ligando Buenos Aires e Valparaíso no Chile, dando assim acesso ao Oceano Pacífico. A partir daí o prédio ficou conhecido como Edifício Pacífico.
Em 1945 o edifício foi remodelado pelos arquitetos José Aslan e Héctor Ezcurra e os escritórios foram separados do resto do edifício. Uma grande cúpula central foi construída e decorada com 12 afrescos dos artistas Lino Enea Spilimbergo, Antonio Berni, Juan Carlos Castagnino, Manuel Colmeiro e Demetrio Urruchúa. Estes afrescos, executados em 1946, são alguns dos mais importantes em Buenos Aires.
Uma das cúpulas da Galeria Pacífico
Alguns historiadores contam que o edifício foi usado como um centro de tortura pela junta militar que governou a Argentina de 1976 a 1983. Descobriu-se que durante a ditadura, o Primeiro Exército escondeu alguns de seus desaparecidos nas entranhas do shopping e as paredes das masmorras ainda trazem as marcações desesperadas feitas por seus prisioneiros há muito tempo mortos: nomes, datas, pedidos de socorro.
Em 1989 foi declarado Monumento Histórico Nacional. Além da galeria comercial, o edifício também contém o Centro Cultural Jorge Luis Borges e o Estudio de Dança Julio Bocca. Atualmente, o shopping abriga muitas lojas de luxo, como Ralph Lauren, Christian Lacroix, Christian Dior, Lacoste, Tommy Hilfiger, Hugo Boss, entre outros.
Interior da Galeria Pacífico
Já no cruzamento com a Avenida Córdoba está o magnífico edifício do Centro Naval, inaugurado em 1914.
Criado em maio de 1882, o Centro Naval Argentino teve 13 sedes anteriores até se instalar definitivamente na Calle Florida esquina com a Avenida Córdoba. O palácio tem projeto do suíço Jacques Funant e do francês Gastón Mallet em um estilo acadêmico luxuoso e foi construído exclusivamente para ser a sede social da instituição. Ao contrário da maioria dos palácios portenhos do início do século XX, que usavam matéria-prima importada, este foi erguido com 90% dos materiais de origem nacional, o que permitiu que ficasse pronto em apenas três anos. Já a inspiração não podia ser mais europeia: o estilo barroco do Palácio de Versalles está presente em vários detalhes do edifício, e uma escadaria de mármore remete ainda à Ópera Garnier de Paris.
Centro Naval
Seu mítico portão é um dos mais fotografados de Buenos Aires e foi todo feito com o bronze da fundição dos canhões da guerra da independência argentina. Além do mítico portão e da escadaria imperial, o edifício está forrado de esculturas, afrescos com simbologia marinha maçônica, obras de arte e luminárias maravilhosas, como a da entrada, que pesa mais de 300 quilos e foi presente do diretor do jornal La Prensa.
O prédio tem andares conectados por elevadores circulares de madeira e ferro, com mais de um século de vida mas em excelente estado de conservação.
Os salões têm pé direito tão alto que invade o andar superior, por isso apenas os pisos pares têm salões. O mais impressionante é o Salão de Baile Almirante Brown, em puro estilo baroco rococó.
A biblioteca do Centro Naval é outro espaço notável do edifício, não só pela beleza do salão, com paredes inteiramente revestidas de madeira, mas sobretudo pelo acervo, já que é considerada a biblioteca de temas navais mais completa da América Latina e entre seus tesouros, está o diário da primeira expedição à Antártida, totalmente escrito a mão.
O Salão Sarmiento até recentemente era proibida a entrada de mulheres já que o clube segue a tradição dos clubes ingleses, que até hoje proíbem a presença feminina. A sala apresenta várias esculturas em mármore de figuras femininas nuas, que somando-se à proibição de entrada de mulheres provoca bastante desgosto e contrariedade do público feminino.
Nesta mesma sala estão algumas das obras de arte mais importantes do Centro Naval, como a tela El Amanecer en el Riachuelo, de Benito Quinquela Martín. Outro tesouro ali é uma dupla de quadros que retrata a batalha inglesa de Trafalgar de autoria do pintor italiano Eduardo de Martino. Ele havia pintado uma série de 12 telas registrando 12 horas da batalha, mas nestes vaivéns do mundo das artes, duas delas acabaram no Centro Naval de Buenos Aires sendo que as outras dez se encontram no Imperial Greenwich College, na Inglaterra. Diz-se que a coroa inglesa sempre tentou recuperar estas obras dos argentinos, oferecendo verdadeiras fortunas por elas. Diz uma lenda urbana que em 1994, um homem teria sacado da carteira um cheque em branco assinado por ninguém menos que a Rainha da Inglaterra, também recusado. Aparentemente, só existe uma forma de os ingleses reaverem estas obras: devolvendo aos argentinos as Ilhas Malvinas.
Inaugurado em 1914, nestes mais de cem anos o imponente edifício foi frequentado somente por sócios, membros da armada argentina e de outros países, mas há alguns meses foi aberto ao público geral, em visitas guiadas por historiadores da Fundação de Arquitetura e Engenharia Francisco Salamone, especialista em patrimônio.
O tour guiado do Centro Naval acontece de segunda a sexta-feira pontualmente às 11h e às 16h e custa $150 pesos por pessoa. Reservas e informações pelo fone 4382-9989 ou no site.
Salão de Baile Almirante Brown
A biblioteca do Centro Naval é outro espaço notável do edifício, não só pela beleza do salão, com paredes inteiramente revestidas de madeira, mas sobretudo pelo acervo, já que é considerada a biblioteca de temas navais mais completa da América Latina e entre seus tesouros, está o diário da primeira expedição à Antártida, totalmente escrito a mão.
O Salão Sarmiento até recentemente era proibida a entrada de mulheres já que o clube segue a tradição dos clubes ingleses, que até hoje proíbem a presença feminina. A sala apresenta várias esculturas em mármore de figuras femininas nuas, que somando-se à proibição de entrada de mulheres provoca bastante desgosto e contrariedade do público feminino.
Nesta mesma sala estão algumas das obras de arte mais importantes do Centro Naval, como a tela El Amanecer en el Riachuelo, de Benito Quinquela Martín. Outro tesouro ali é uma dupla de quadros que retrata a batalha inglesa de Trafalgar de autoria do pintor italiano Eduardo de Martino. Ele havia pintado uma série de 12 telas registrando 12 horas da batalha, mas nestes vaivéns do mundo das artes, duas delas acabaram no Centro Naval de Buenos Aires sendo que as outras dez se encontram no Imperial Greenwich College, na Inglaterra. Diz-se que a coroa inglesa sempre tentou recuperar estas obras dos argentinos, oferecendo verdadeiras fortunas por elas. Diz uma lenda urbana que em 1994, um homem teria sacado da carteira um cheque em branco assinado por ninguém menos que a Rainha da Inglaterra, também recusado. Aparentemente, só existe uma forma de os ingleses reaverem estas obras: devolvendo aos argentinos as Ilhas Malvinas.
Inaugurado em 1914, nestes mais de cem anos o imponente edifício foi frequentado somente por sócios, membros da armada argentina e de outros países, mas há alguns meses foi aberto ao público geral, em visitas guiadas por historiadores da Fundação de Arquitetura e Engenharia Francisco Salamone, especialista em patrimônio.
O tour guiado do Centro Naval acontece de segunda a sexta-feira pontualmente às 11h e às 16h e custa $150 pesos por pessoa. Reservas e informações pelo fone 4382-9989 ou no site.
Continuando o passeio pela Calle Florida, no meio do quarteirão fica o enorme edifício que pertenceu à antiga Harrods de Buenos Aires, que abriu sua primeira filial fora do Reino Unido, em Buenos Aires, em 1914. Está fechado desde 1998, embora o Governo da Cidade de Buenos Aires tenha tentado em várias ocasiões transformá-lo em um centro cultural, sendo reaberto temporariamente para acomodar eventos artísticos.
Harrods em 1914
A loja de departamentos foi ampliada em 1920 e cresceu para ocupar quase um quarteirão inteiro. Após sua expansão, o complexo de 47.000 m² foi coroado por uma cúpula do oitavo andar com vista para a Avenida Córdoba, com degraus de mármore e piso de cedro por toda parte, além de elevadores de ferro forjado com capacidade para vinte pessoas, com serviço de manobrista, e uma orquestra de jazz. A loja foi comprada pela varejista local concorrente Gath & Chaves em 1922 que acabou sendo adquirida em 1970 pela holding ítalo-argentina, Almacenes Argentinos.
Esses últimos proprietários fecharam a Gath y Chaves em 1974 e venderam sua participação na loja Harrods a um consórcio liderado por Pérez Companc em 1977, um importante conglomerado local. Durante toda a década de 80, o edifício e as empresas que o ocuparam estiveram envolvidas em extensos litígios legais e um impasse no destino do local. Em 1983, a loja era controlada por Atilio Gilbertoni, ex-gerente geral da Pérez Companc, e pela empresa suíça de capital de risco CBC Interconfianz.
Visão Aérea de todo o complexo da Harrods
Depois que Gilbertoni recusou uma oferta do magnata do transporte egípcio, Mohammed Al-Fayed, pela licença Harrods local iniciou-se um conflito que culminou com contínuas lutas legais e que somando-se a economia local vacilante levou ao fechamento dos andares superiores da loja após uma crise cambial em 1989. O processo de Fayed foi finalmente julgado improcedente pela Câmara dos Lordes britânica em 1998 e, embora continuasse a receber 80.000 clientes por dia e a média de um milhão de dólares em vendas diárias, as dívidas remanescentes resultaram no fechamento do histórico varejista, no final daquele ano. Gilbertoni evitou por pouco o leilão e rejeitou inúmeras ofertas para a loja enferma, entre elas a varejista chilena Falabella, El Corte Inglés de Madri, Printemps de Paris , entre outros.
O interior foi parcialmente restaurado e reaberto em 2003 para sediar festivais periódicos de arte e outros eventos culturais, e entre os eventos mais notáveis hospedados no local foram o 10º e o 11º Festival de Tango de Buenos Aires, em 2008 e 2009.
Representantes da CBC Interconfianz anunciaram em março de 2009 que haviam sido registradas autorizações junto às autoridades da cidade para reformar completamente o Harrods Buenos Aires e eventualmente seria possível reabrir a famosa loja de departamentos.
O edifício foi projetado pelos arquitetos Paul Bell Chambers e Louis Newbery Thomas, e as extensões foram executadas por Fred K. Sage. Possui sete andares e ocupa grande parte do quarteirão delimitado pelas Calles Florida, San Martín e Paraguai.
Foi declarado Patrimônio Histórico da Cidade.
A Restauração do edifício da Harrods
Ao lado do edifício da Harrods fica o Edifício Thompson, projetado pelos arquitetos britânicos Eustance L. Conder, Sidney G. Follett e James W. Farmer, e onde se localizava a Loja de Móveis Thompson. Tem uma fachada em estilo eduardiano que compartilha suas diretrizes de fachada com a vizinha Harrods de tal forma que ambos os edifícios são percebidos como uma unidade. Esta situação em particular se deve à decisão subsequente da Harrod's de construir sua loja seguindo deliberadamente as características da fachada do prédio vizinho, com base na especulação de uma futura aquisição do mesmo.
Atualmente, a Galeria Buenos Aires opera no local da antiga loja Thompson, que tem uma saída na Avenida Córdoba.
Edifício Thompson, hoje Galeria Buenos Aires
No lado oposto, há um conjunto de torres residenciais e comerciais, construídas nas décadas de 1960 e 1970: a Torre Maure, a Torre Florida 868 e a Torre Florida 890, construídas para a Air France em 1964, com a Galeria Florida no térreo.
E chegando na esquina com a Calle Paraguay você encontra o Café Florida Garden, ponto de parada obrigatório pra quem está passeando na Calle Florida.
Visitar o Florida Garden é como viajar para a década de 1960, quando o café/confeitaria foi inaugurado em um edifício com uma arquitetura de vanguarda, hoje considerada kitsch. O nome do arquiteto que o construiu em 1962 até hoje é um mistério.
Café e Confeitaria Florida Garden
Desde sua inauguração, este que é um dos Bares Notáveis de Buenos Aires, e por aqui já passaram várias personalidades famosas como Jorge Luis Borges e Diego Maradona, escritores, diretores de cinema, turistas, artistas plásticos, jornalistas e políticos. O local recebe mil pessoas todos os dias, portenhos e turistas que vão e vêm, caminhando entre paredes envidraçadas, colunas de bronze e mesas de mármore. Os garçons são antigos, alguns trabalham no bar há várias décadas, usam gravata borboleta e ajudam os clientes a vestir o casaco.
O Florida Garden por dentro
O último quarteirão da Calle Florida antes de chegar na Plaza San Martín não tem nenhuma atração turística, histórica ou arquitetônica. É um quarteirão repleto de lojas e boutiques e que termina no cruzamento com a rua Marcelo T. de Alvear, onde também termina a parte pedonal da Calle Florida. Aqui há uma rotatória e uma pequena praça com um monumento em homenagem ao escritor Esteban Echeverría.
Mas para quem não sabe, a Calle Florida continua por mais dois quarteirões como uma rua de circulação de veículos e depois ela se funde com a rua San Martín e leva o nome desta última.
É aqui que fica o Hotel Plaza, um belo edifício que já foi considerado por alguns historiadores como o primeiro arranha-céu de Buenos Aires e o primeiro grande hotel de alta classe de Buenos Aires, desenvolvido pelo proprietário e banqueiro local Ernesto Tornquist.
O Hotel Plaza
O hotel de nove andares foi projetado pelo arquiteto alemão Alfred Zucker e apresentado na época como o melhor hotel da América do Sul e também o mais moderno. O hotel foi totalmente mobiliado desde o início pelas prestigiadas casas londrinas da Thompson & Company e Waring & Gillow. Esculturas em mármore de Gustav Eberlein da Alemanha e afrescos do teto de Julio Vila y Prades da Espanha foram acrescentados à decoração do hotel.
O hotel já fez parte da cadeia Inter-Continental Hotels e do Grupo Marriott Hotels mas em 2013 o hotel foi vendido e retornou ao seu nome histórico, o Plaza Hotel Buenos Aires.
Após uma reforma de U$ 10 milhões, o estabelecimento recebeu uma classificação de cinco estrelas. E por ocasião de seu 100º aniversário em 2009, foram promovidos passeios para a população local nas instalações do hotel e o lançamento de um livro contando sua história fabulosa e centenária.
O hotel fechou em 29 de abril de 2017 para reformas. Atualmente, a data de reabertura estimada é para 2023.
Interior do Hotel Plaza
Aproveitando o resto da tarde, pode-se descansar um pouco nos jardins da Plaza San Martin, usufruindo um pouco da tranquilidade que esta praça oferece.
É considerada uma das praças mais bonitas de Buenos Aires e é nela que fica o famoso e imponente Edifício Kavanagh e vários outros edifícios e monumentos que estão ao redor da Plaza San Martin. Para saber mais sobre eles, leia no link sobre o City Tour Avenidas 2.
E antes de encerrar sobre a Calle Florida, vamos falar sobre algumas curiosidades:
- Em mais de uma ocasião, foi proposto colocar um telhado na Rua Florida.
E antes de encerrar sobre a Calle Florida, vamos falar sobre algumas curiosidades:
- Em mais de uma ocasião, foi proposto colocar um telhado na Rua Florida.
- Na Florida 271 foi cantado pela primeira vez o Hino Argentino na casa de Mariquita Sánchez de Thompson.
- A Calle Florida é a rua da cidade com o maior número de postos de vendas de flores e jornais de Buenos Aires.
- O famoso cantor Ricardo Arjona começou sua carreira em troca de moedas na Rua Florida.
- Em 1969 foi transformada em rua de pedestres 24 horas ininterruptas, os 7 dias da semana.
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